A juíza Maria Zilnar Coutinho Leal, da 2ª Vara do Tribunal Popular do Júri da Comarca de Teresina, determinou que o empresário Eliésio Marinho seja submetido ao Tribunal Popular do Júri. Ele foi indiciado pela polícia pelo assassinato da esposa Kamila Carvalho do Nascimento, em outubro de 2023, no bairro Nova Brasília, zona Norte de Teresina.
O réu, que foi preso preventivamente pela polícia no dia 23 de outubro do mesmo ano, alegou à polícia que sua esposa teria tirado a própria vida com uma arma de fogo, entretanto o laudo cadavérico mostrou que o disparo que a vitimou foi efetuado de uma longa distância. Ele poderá responder ainda por fraude processual.
"Por entender que se mostram necessárias à garantia da instrução em Plenário do Júri, mantenho as medidas cautelares de proibição de manter contato ou se aproximar da filha, irmã e pai da vítima Kamila Carvalho do Nascimento, bem como de se ausentar da comarca de Teresina ou mudar de endereço sem autorização judicial, e o comparecimento obrigatório em juízo quando intimado", afirmou.
A data foi julgamento ainda não foi definida. Eliésio, por meio de sua defesa recorreu da decisão. Em fevereiro de 2024, ele foi solto por meio de determinação do juiz Valdemir Ferreira Santos, da Central de Inquéritos de Teresina.
"Verificando que ainda não foram determinadas judicialmente as medidas cautelares alternativas à prisão, ultima ratio, vislumbro a inadequação, por ora, da manutenção da medida extremada", diz trecho da decisão, à época, obtida pelo A10+.
Entenda o caso
O empresário Eliésio Marinho foi indiciado pela Polícia Civil do Piauí por feminicídio e fraude processual no caso da morte de Kamila Carvalho do Nascimento, de 22 anos, em 20 de outubro desse ano, no bairro Nova Brasília, zona Norte de Teresina.
Em entrevista ao A10+, a delegada Natália Figueiredo explicou que o laudo pericial apontou que o acusado, após o crime, teria colocado uma faca na mão da vítima. Outros exames também foram feitos em uma arma de fogo de Eliésio a respeito do tiro, e indicaram a impossibilidade de Kamila ter atirado no próprio corpo, inclusive pela falta de vestígios de pólvora nas mãos da vítima.
"O autor nos trouxe uma situação de suicídio e através da prova pericial foi constatado que, de fato, houve feminicídio. A faca que a vítima empunhava na sua mão esquerda teria sido colocada após o seu óbito, tendo em vista que pelas condições biológicas seria praticamente impossível a empunhadura na qual foi encontrada a vítima. Também tem a questão do disparo de arma de fogo que vitimou Kamila. Foi constatado através de testes, utilizando a mesma arma e a munição do autor, que pela distância, que foi testada em até 40 cm, seria impossível não ter ficado efeito secundário do disparo ou seja teria vestígios de pólvora", explicou.
A delegada ainda acrescentou que o empresário teria manipulado o corpo da mulher seguindo com o objetivo de alterar a cena do crime e simular o suicídio.
Pai de Kamila relata dor: “pensei que minha filha estava em boas mãos”
A morte de Kamilla Nascimento gerou revolta em amigos e familiares. Investigações apontam Eliésio Marinho, marido da vítima, como principal suspeito, que teria assassinado a esposa com um tiro na frente da filha de 2 anos e sete meses.
Em entrevista à TV Antena 10, Lucas do Nascimento, pai da jovem de 22 anos, comentou sobre a prisão do suspeito e afirmou que não esperava tamanha crueldade do seu genro. “Pensei que minha filha estava em boas mãos. Apesar de não ter muito contato, eu tinha ele como uma boa pessoa e não imaginava que seria capaz disso. Espero que justiça seja feita”, disse.