A Operação Carbono Oculto 86, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro com indícios de ligação ao Primeiro Comando da Capital (PCC), deflagrada pela Polícia Civil do Piauí, deve resultar na recuperação de aproximadamente R$ 20 milhões aos cofres públicos. A projeção é da Secretaria da Fazenda do Piauí (Sefaz-PI).
A Sefaz, por meio da Unidade de Fiscalização de Empresas (Unifis) e do Grupo Interinstitucional de Combate aos Crimes Contra a Ordem Tributária (Grincot), forneceu dados fiscais e financeiros, com autorização judicial, que permitiram identificar movimentações suspeitas, emissão de notas fiscais frias, adulteração de combustíveis e a atuação de empresas de fachada no setor.
“Essa operação é um marco na integração entre os órgãos de investigação e de controle fiscal. A Sefaz tem se estruturado para atuar com rigor e eficiência no combate à lavagem de dinheiro, sonegação e ao financiamento de organizações criminosas”, afirmou o secretário da Fazenda, Emílio Júnior.
Durante o andamento da operação, o setor de Inteligência da Sefaz detectou também a existência de postos de combustíveis funcionando sem autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP), além de fraudes tributárias milionárias. A partir dessas informações foram abertas 15 ordens de serviço de fiscalização, que já estão em andamento contra empresas diretamente envolvidas no esquema.
A Secretaria da Fazenda do Piauí estima que a operação resulte na recuperação de cerca de R$ 20 milhões aos cofres públicos. Além disso, a Sefaz pretende solicitar a quebra de sigilo bancário dos investigados e iniciar auditoria completa sobre o patrimônio das empresas envolvidas. Caso sejam confirmadas irregularidades graves, as inscrições estaduais poderão ser canceladas, impedindo a continuidade das atividades econômicas dessas empresas no estado.
Segundo o diretor da Unidade de Fiscalização (Unifis), Edson Marques, a Sefaz segue acompanhando o caso e já prepara a ampliação da fiscalização para outros setores econômicos, diante de indícios de que o esquema não se limita ao ramo de combustíveis.
Operação Carbono Oculto 86
A Operação Carbono Oculto 86 resultou na interdição de 49 postos de combustíveis no Piauí, Maranhão e Tocantins, sendo 16 somente em Teresina. A investigação ganhou força após a venda da rede HD, em dezembro de 2023, para a empresa Pima Energia e Participações, criada apenas 6 dias antes da transação, o que gerou o rastreamento financeiro que desdobrou no esquema.
Entre os bens apreendidos estão um Porsche avaliado em R$ 550 mil e um avião modelo Cessna 210M. Outros três aviões também foram identificados pela inteligência da Sefaz a partir do monitoramento da compra de querosene de aviação, mas não foram localizados durante o cumprimento dos mandados. Todos os bens serão comunicados à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para registro de gravame, uma restrição nos documentos das aeronaves.
Passaportes apreendidos e depoimentos
Segundo o delegado Laércio Evangelista, os empresários envolvidos, que foram abordados nos aeroportos de Teresina e Guarulhos (SP), e suas esposas estão proibidos de deixar o país e devem entregar os passaportes à polícia. O A10+ apurou que o empresário Haran Santiago e sua esposa prestaram depoimento nesta manhã na sede do DRACO. No período da tarde, será a vez do empresário Danillo Coelho e de sua esposa serem ouvidos.
O delegado afirmou que foi determinado um prazo para que os passaportes fossem entregues. Haran Santhiago Girão Sampaio e Danillo Coelho de Sousa, ex-proprietários da Rede de Postos HD e as esposas, as gêmeas Thamyres Leite Moura Sampaio e Thayres Leite Moura Coelho terão 48 horas para entregar os documentos.
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