Delegado Charles Pessoa responde críticas relacionadas à exposição das operações e atuação de blogueiras ligadas ao crime no Piauí - A10Cast
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Delegado Charles Pessoa responde críticas relacionadas à exposição das operações e atuação de blogueiras ligadas ao crime no Piauí

Coordenador do DRACO foi o convidado desta semana do A10Cast, da TV Antena 10; assista agora!


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O delegado Charles Pessoa, Coordenador do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), foi o convidado da semana no A10Cast, podcast da TV Antena 10. O agente de segurança pública falou sobre o combate às facções criminosas, comentou sobre críticas à exposição das operações e casos envolvendo blogueiras presas no Piauí. 


Charles Pessoa explicou a metodologia no qual o departamento atua e suas principais frentes, destacando que as frases de impacto e toda exposição faz parte do planejamento estratégico de comunicação, como um contraponto para demonstrar a grandeza do estado e força da polícia, pois segundo o delegado, as facções as facções se comunicam principalmente com os jovens, com a cultura de que o crime compensa, traz empoderamento e lucratividade. 

“Crítica ela faz parte do processo, a gente vive em um país democrático e a sociedade tem a liberdade de reconhecer e criticar. Mas é importante a gente contextualizar essa metodologia desenvolvida pela secretaria de segurança e de forma especial, pela Polícia Civil nas operações coordenadas pelo Draco; e atendendo uma diretriz do nosso governador, que ainda quando era candidato, colocou em seu plano de governo que uma das prioridades seria o combate às facções. A SSP hoje faz extremamente profissional e se eu perguntar hoje para qualquer membro da sociedade: quem se comunica melhor no Brasil? É o cime ou o estado? Eu tenho certeza que a resposta vai ser o crime. Por meio de várias formas e por meio de vários símbolos. Quando as pessoas dizem que as operações são midiáticas, elas não sabem o significado dessa comunicação. Não são midiáticas. São ações planejadas e com o intuito de se comunicar. Cada operação, cada divulgação; cada frase; cada entrevista; cada forma de condução do investigado, é baseado em um planejamento estratégico que tem esse olhar voltado para a comunicação. Se a gente não se comunicar, a mensagem que fica para os jovens é de que o crime compensa”, esclareceu. 

O coordenador do Draco pontua que a metodologia aplicada hoje é resultado de 16 anos de estudo, pesquisa e dedicação para entender a fundo a atuação de grupos criminosos e, a partir disso, desenvolver um modelo de enfrentamento eficiente e estruturado. Para ele, trata-se de uma das metodologias mais eficazes em uso atualmente no Brasil, baseada em três eixos principais: ações repressivas, estratégias de prevenção — com visitas semanais a pelo menos três unidades escolares — e um eixo voltado especificamente para a comunicação. 

No A10Cast, delegado Charles Pessoa responde críticas à exposição das operações, ameaças a família e blogueiras do crime TV Antena 10

  

Charles Pessoa fez um recorte histórico do surgimento das facções dentro dos presídios, bem como o processo processo de falso assistencialismo para aliciar as pessoas, compartilhando de uma crença criminosa e cultura criminosa que move toda uma pirâmide.

“No início, as mulheres que entravam para as facções era quem se relacionava com um membro. Hoje é relativo. Tem mulheres que entram por que se relaciona com alguém que tem envolvimento ou quem tem relação de amizade com integrantes das facções. Para entrar na facção, o indivíduo tem que ser apresentado por outro membro do grupo”, pontua. 

Caso Ana Azevedo e as blogueiras do crime

Nesse sentido, o delegado relembrou o caso da prisão Ana Azevedo, no âmbito da operação “Faixa Rosa” em Teresina. Segundo Charles, há muitos elementos da ligação dela com o grupo criminoso. 

“Ela mostra uma face que não é a realidade em que ela vive. É por isso que é importante a comunicação. Se a gente não tivesse comunicado, o que o jovem iria imaginar? que a realidade da Ana Azevedo é justamente a que ela apresentava nas redes sociais, quando na realidade é aquela, vivendo uma vida em uma casa extremamente humilde, sem nenhuma estrutura financeira e ela submissa a um conjunto de regras da própria facção; não poderia sair de uma determinada região. Mas infelizmente ela traz um grande impacto com as redes sociais. Ela conseguiu infelizmente aliciar muitos jovens. Ali é uma realidade de mais de 90% de integrantes de facções”, chama atenção.  

Blogueira Ana Azevedo é presa durante operação do DRACO, em Teresina
TV Antena 10

   

Na última sexta (23), o Draco prendeu mais uma blogueira. A influencer de iniciais L.G.R., conhecida como “Lalazinha”, de 19 anos, foi detida em um sítio na zona rural de Teresina, às margens da BR-343, onde ocorria um evento chamado “Fazenda 3”, que reunia influenciadores digitais da cidade. Além disso, o influencer Pedro Lopes, o Lokinho, esteve dos detidos na ação policial Segundo as investigações, a jovem, que estava foragida da Justiça, é suspeita de integrar uma organização criminosa com atuação na capital.

Draco prende "Lalazinha", influencer alvo da Operação Faixa Rosa suspeita de integrar facção criminosa em Teresina Reprodução

   

Embora o ambiente se apresentasse como uma festa comum, os levantamentos do DRACO indicaram que eventos desse tipo vêm sendo utilizados como espaços de articulação de facções, com práticas ilícitas, ostentação de luxo e recrutamento simbólico de novos membros por meio das redes sociais.

Alvo da Operação Faixa Rosa, “Lalazinha” estava foragida desde a emissão de mandado pela Central de Inquéritos da Comarca de Teresina. Ela ganhou notoriedade nacional como uma das chamadas “blogueiras do crime”, utilizando suas redes sociais para divulgar conteúdos relacionados ao grupo criminoso, com imagens de armas, drogas e mensagens desafiando as autoridades.

Mudança na legislação e atualização do ECA

Além disso, o delegado destacou que acredita que o Brasil precisa passar por uma mudança no que diz respeito a facções criminosas e responsabilização de menores envolvidos com facções. 

“Eu acredito que a gente precisa passar por um processo de atualização da legislação brasileira. Hoje nós não temos crime de facção criminosa. Eu acho precisamos criar um crime específico de facção. É preciso responsabilizar esses indivíduos com rigor mais forte. O que precisamos atualizar também para ontem é o Estatuto da Criança e do Adolescente.  O ECA é da década de 90 e só existia uma facção no Brasil. Hoje os adolescentes são aliciados e entram para as facções. O menor faccionado precisa ser tratado como membro de facção. Ele não pode ser julgado de acordo com o estatuto da criança e do adolescente atual, ele deve ser encarcerado e ser responsabilizado criminalmente por esses atos com rigor com uma legislação atual”, afirma o delegado. 

Ameaças 

Charles Pessoa relembra que começou a estudar as facções em 2019, motivado pelo desejo de entender como e por que esses grupos conseguiam aliciar tantos jovens. Ao mergulhar no tema, percebeu que ali estava um dos maiores desafios da segurança pública no Brasil. A partir dessa constatação, passou a visitar outros estados, ouvir relatos de integrantes das próprias facções e, então, tomou a decisão de dedicar sua atuação ao enfrentamento direto desse problema.

Além disso, por conta de sua atuação, sua família e ele mesmo já sofreu ameaças. 

“Já perdi 4 colegas para o crime organizado e foram executados por facções criminosas; foram executados fora da atividade de serviço, em momento de folga de uma forma extremamente covarde. A gente lida diariamente com ameaças a mim diretamente, ameaças a familiares infelizmente e são situações que a gente se depara com uma certa frequência. Ser ameaçado é desconfortável, mas a gente sabe que é uma carga de quem se dedica a combater as facções. Eu tento administrar isso e administro. É uma missão árdua, mas a gente faz com um propósito muito maior”, pontua. 

E a política?

Por fim, Charles Pessoa comentou sobre o seu nome surgir nos bastidores como um possível candidato em 2026. Ele ressalta que está focado na sua realidade na Draco e no projeto que foi repassado pelo governo do estado. 

“Eu sou muito focado nos projetos que sou envolvido e cheguei no Piauí em 2016 [...] Eu não penso nesse futuro daqui a um ano, um ano e meio. Estamos vivendo nessa realidade atual de combater o crime organizado. É natural que surja o nome e isso é parte desse trabalho que é desenvolvido por toda a secretaria de segurança pública”, finaliza. 

Fonte: Portal A10+


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Sobre a coluna

Sob o comando de Lídia Brito

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O primeiro podcast da TV Antena 10. Todo domingo às 9h da manhã

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