A reação do Congresso a ataques do PCC soa hipócrita, mas dá tempo fechar as brechas da Lei - Bastidores
Bastidores
BASTIDORES

A reação do Congresso a ataques do PCC soa hipócrita, mas dá tempo fechar as brechas da Lei

Moro recebeu apoio de vários colegas, entre eles o Senador Ciro Nogueira (PP-PI) que reconheceu o avanço das facções e defendeu criar comissão


📲 Siga o A10+ no Instagram, Facebook e Twitter.

A ação da Polícia Federal que botou na cadeia nove criminosos ligados ao Primeiro Comando da Capital literalmente sacudiu o Congresso. O motivo, claro, é justo. A ordem do PCC era sequestrar e matar o Senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), toda sua família e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya. Os 24 mandados de busca e apreensão e sete de prisão foram cumpridos na última quarta-feira (22) no Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia e São Paulo.

Da tribuna, Sérgio Moro fez um discurso onde pontuou que o PCC queria retaliar por sua atuação enquanto juiz e Ministro da Justiça por isolar membros do grupo criminoso em presídios federais. O Senador informou ainda que apresentou o Projeto de Lei (1.307/2023) que prevê penas mais duras para “planejamento e atentado contra autoridades”, com penas iniciadas em presídios de segurança máxima.

  

Sergio Moro Marcelo Camargo / Agência Brasil

   

O parlamentar recebeu apoio de vários colegas, entre eles o Senador Ciro Nogueira (PP-PI) que reconheceu o avanço das facções em todo o país e defendeu a criação de uma comissão dedicada a analisar propostas de combate ao crime organizado. “É hora de darmos uma resposta à situação séria que vemos em todos os estados do Brasil e lutar de forma rígida contra o avanço dessas organizações criminosas, em defesa dos brasileiros”, disse.

Esta reação do Congresso soa hipócrita. É como se agora enxerguem o problema das facções que, na verdade, estão enraizadas em todos os Estados a décadas. O Piauí é um dos últimos estados onde PCC e CV buscam consolidar suas células para fortalecer principalmente o tráfico internacional de drogas. A região litorânea e a capital são os principais pontos de ocupação. Assim, o parlamento passou da hora de legalmente dar ainda mais tinta para a caneta do judiciário. Para se ter uma ideia, a proposta de redução da maioridade penal de 18 para 16 anos tramita desde 1993, ou seja, a 30 anos está em discussão. O projeto esteve sob a relatoria do Senador piauiense Marcelo Castro (MDB-PI) na Comissão de Constituição e Justiça.

Grande parte dos crimes são cometidos por reincidentes, como no recente caso do “Anjo da Morte”, faccionado do Comando Vermelho (célula Ceará) com inúmeras passagens pela cadeia, mas solto, acabou quase tirando a vida do advogado André de Almeida Sousa, filho do Presidente do Tribunal de Justiça do Piauí, na última quarta-feira (22), em Parnaíba. O jovem levou tiro no rosto, passou por cirurgia e ainda depende da evolução do seu quatro para que avaliações neurológicas confirmem possíveis sequelas. 

A população, aqui em baixo, vive esse inferno nos assaltos diários. Agora, com o crime batendo às portas do Senado, da Câmara e grandes autoridades nos Estados, quem sabe o Brasil possa ver de verdade ações que apoiem o trabalho das forças de segurança e do próprio judiciário. Não dá mais para empurrar essa grave crise de segurança com a barriga. Ou os congressistas fecham as brechas da Lei ou a tendência é perder o país para bandidagem. A impunidade é a mãe da criminalidade.

Fonte: Portal A10+


Dê sua opinião:

Sobre a coluna

Wesslley Sales

Wesslley Sales

Jornalista, Especialista em Marketing Político, Mídias Sociais e Comunicação Produtor, Apresentador e Repórter na TV Antena10 Radialista e Redator

Fique conectado