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A Polícia Civil do Piauí (PCPI) indiciou Ramon Silva Gomes, padrasto da adolescente Maria Victória Rodrigues dos Santos, de 15 anos, pelos crimes de feminicídio e aborto provocado por terceiro. A jovem, que estava grávida, foi assassinada em março deste ano, na cidade de Itaueira. O principal suspeito foi preso em maio.
"De início não foi possível apontar a autoria do crime por meios convencionais como testemunhas e imagens de câmeras de segurança, o que tornou a investigação mais complexa. Trabalhamos com várias possibilidades; até chegar no verdadeiro autor do crime, outras pessoas foram investigadas. Quanto ao Ramon, a princípio ele foi ouvido pela polícia como testemunha. Na época ele apontou pessoas que estavam com ele no momento do crime, álibis, e resolvemos ouvi-las. Identificamos inconsistências quanto a horários e daí representamos pela quebra de sigilo telefônico. Com os dados obtidos verificamos que a versão do Ramon quanto à sua localização no horário do crime não se sustentava", explicou o delegado João Ênio.
Segundo o delegado, a contradição nas declarações de Ramon e seus álibis e o cruzamento de dados tecnológicos foram fundamentais para a elucidação do caso.
"Vários dados que confrontados, todos convergem para apontar a presença física do Ramon no local e no momento do crime. Esses dados se corroboram, então é uma evidência, uma certeza, de que Ramon estava no local, no momento do crime", afirmou o delegado.
Além das informações de geolocalização, a polícia recolheu objetos pessoais do suspeito e materiais da motocicleta utilizada por ele. Parte desses itens passou por perícia técnica.
"Além desses dados coletados, a polícia realizou a apreensão de alguns pertences dele, de objetos da motocicleta, e esse material foi submetido à perícia. Em alguns pertences foi identificado sangue, mas conforme o laudo não é da vítima. Ele também não teve acesso ao local antes da perícia, e no local foi encontrada uma pegada com sangue da vítima, uma pegada compatível com o número 41/42, numeração do Ramon", relatou João Ênio.
Com a prisão temporária decretada em maio, os investigadores aprofundaram a apuração sobre a motivação do crime. O relacionamento conturbado entre Ramon e Marisa, mãe da vítima, teria sido um dos elementos-chave para as investigações.
"Com a prisão temporária do Ramon foi possível avançarmos sobre a motivação do crime. Após sua prisão, pessoas próximas foram ouvidas, daí constatamos que a relação entre a mãe da vítima e o padrasto era permeada por conflitos e nessas discussões era sempre cogitado um término, o que esbarrava em divisão financeira, inclusive a casa que acabaram de construir. A Marisa, mãe da vítima, nos relatou que eles resolveram ter um filho para abrandar os conflitos, no entanto, com a notícia da gravidez da Maria Victória, a Marisa interrompeu a ideia de ter um filho, o que desagradou o Ramon. Conforme relatos do próprio Ramon e de amigas dela, o Ramon sempre demonstrou descontentamento ao ex-namorado da Maria Victória, que é o pai do filho que ela esperava. Ele proibiu o relacionamento entre eles. Ele demonstrou preocupação quanto à possibilidade do rapaz morar na casa que ele construiu", detalhou.
Com o avanço das investigações, a prisão temporária foi convertida em preventiva. A polícia apontou que o crime foi cometido com extrema violência.
"Foi indiciado pelos crimes de feminicídio e aborto provocado por terceiro, tendo em vista que era ciente da gravidez da vítima. Sua prisão temporária foi convertida em preventiva, tendo em vista a gravidade do crime. O crime foi cometido de forma brutal, cruel. Ele tirou duas vidas, ela não tinha a menor possibilidade de defesa. Ela teve seu crânio afundado e várias perfurações atingiram seu coração e seu pulmão. Mesmo ele ceifando a vida da enteada, ele continuou o relacionamento com a mãe dela, mostrando sua frieza", concluiu o delegado João Ênio.
O caso segue sob responsabilidade da Polícia Civil e o inquérito será encaminhado ao Ministério Público para as providências cabíveis.
Entenda o caso
Maria Vitória Rodrigues foi assassinada na noite de 24 de março, na cidade de Itaueira, Sul do Piauí. A vítima estaria grávida de seis meses.
Inicialmente, o ex-namorado da adolescente chegou a ser apontado como suspeito, mas foi descartado após comprovar, por meio de imagens de câmeras de segurança, que ele permaneceu em casa durante o período do crime. Em abril, o corpo da vítima foi exumado para reforçar as investigações com novos exames periciais.
A Polícia Civil do Piauí revelou que quebras de sigilo e a análise de dados do celular foram determinantes para a prisão de Ramon Silva Gomes, que aconteceu no dia 30 de maio.
Fonte: Portal A10+