Caso Lucas Vinícius completa 1 ano marcado por incertezas e dor da família em busca de respostas

Mesmo sem encontrar corpo, DHPP concluiu inquérito e constatou que não houve crime; família questiona

Há 1 ano, familiares do estudante de Direito, Lucas Vinícius Monteiro Oliveira, 24 anos, buscam por uma única resposta: onde ele está? O jovem desapareceu na madrugada do dia 24 de abril de 2022 quando voltava de uma festa. Na época, a namorada Gabriela Vasconcelos relatou ao A10+ que o rapaz teria pulado da ponte Juscelino Kubitschek e caído no Rio Poti, no entanto, o corpo dele nunca foi encontrado. 

Após a divulgação do caso, a família de Lucas, que mora em São Paulo, passou a viver um pesadelo e desde então rebate as versões apresentadas por Vasconcelos. Recentemente, eles foram surpreendidos com a informação de que o Departamento de Homicídios e Proteção à  Pessoa (DHPP) concluiu o inquérito policial que investigava o caso e constatou, mesmo sem achar corpo, de que não houve crime. O inquérito foi remetido para o Ministério Público do Piauí na semana passada.  

Caso Lucas Vinícius completa 1 ano marcado por incertezas e dor da família em busca de respostas Reprodução

   

O A10+ elenca agora os principais pontos do desaparecimento que é marcado por incertezas acerca das versões divulgadas até aqui. De um lado, a namorada que aponta que ele se jogou da ponte, do outro, a família do estudante que rebate e diz que Lucas não teria tendências suicidas. 

O dia 24 de abril de 2022: onde tudo começou 

Na época do desaparecimento, Gabriela Vasconcelos relatou ao A10+ que retornava de uma festa com o namorado, Lucas Vinícius, na madrugada do dia 24 de abril de 2022. No caminho, o jovem, segundo ela, quis parar o carro na Ponte Juscelino Kubistchek, na Avenida Frei Serafim. Ele teria se aproximado da mureta da ponte  se jogado no rio Poti. Ela contou que chamou os bombeiros após o caso, no entanto, as buscas só foram iniciadas pela manhã. 

Pais de Lucas Vinicius falam pela primeira vez sobre o desaparecimento Reprodução Redes Sociais

  

Por vários dias, os bombeiros realizaram buscas no rio, desceram para outras regiões, mas não conseguiram localizar Lucas. Na época, o comandante relatou à TV Antena 10 que, em 30 anos de corporação, nunca se teve um caso onde um corpo não foi encontrado. 

A transferência de R$ 3,5 mil para conta pessoal, horas depois do desaparecimento 

Um dos pontos mais chamativos do caso Lucas Vinícius é o da transferência bancária que foi realizada horas depois por Gabriela. Na época, a jovem foi alvo de críticas e questionamentos sobre ter transferido um valor alto para sua conta no mesmo dia em que o namorado, supostamente, teria tirado a própria vida ao se jogar da ponte. 

De acordo com o documento que o A10+ e a TV Antena 10 obtiveram acesso com exclusividade, um pix de R$ 3,5 mil foi realizado no dia 24 de abril às 14h27min, horas após Gabriela Vasconcelos ter afirmado que Lucas havia se jogado no rio Poti.   

Documento obtido pelo A10+ e TV Antena 10 que mostra a transferência realizada Reprodução

   

O advogado Wyttalo Veras, que representa Gabriela Vasconcelos, procurou o A10+ e relatou que a transferência foi autorizada pela família de Lucas Vinícius. Segundo ele, o dinheiro seria para pagar um cartão de Gabriela, mas que era usado pelo estudante de Direito.

A defesa afirmou que a quantia seria para pagar um cartão na segunda-feira (25), um dia depois do desaparecimento de Lucas. Wyttalo Veras informou que a família do jovem chegou ao Piauí ainda no domingo (24) e que, segundo ele, teria conhecimento dessa transferência. Em print, o advogado relatou que os pais de Lucas chegaram em Teresina por volta das 12h30 e que do aeroporto foram para casa dos pais de Gabriela.

A história do corpo carbonizado que apareceu dias depois em Teresina 

Um corpo foi encontrado carbonizado no Assentamento Emiliano Batata, próximo ao Rodoanel, zona rural Sudeste de Teresina, no dia 30 de abril de 2022, seis dias após o desaparecimento de Lucas. Houve a suspeita de que os restos mortais encontrados poderiam ser de Lucas, mas no dia 20 de junho o Instituto de Medicina Legal (IML) emitiu um laudo negando a suspeita. 

Corpo encontrado carbonizado não é do estudante Lucas Vinícius, aponta laudo do IML Reprodução

   

A família contratou uma equipe de peritos para realizar uma investigação particular sobre o caso. Um perito havia solicitado uma nova análise de um corpo carbonizado encontrado no Assentamento Emiliano Batata e aguardava a decisão da justiça do Piauí para levar uma amostra para São Paulo e realizar o novo teste. Em março de 2023 a justiça do Piauí negou o pedido.

Perito cita contradições

O perito Ricardo Rezende comentou em entrevista à TV Antena 10 que os investigadores estão trabalhando com duas hipóteses: a que ele tenha pulado e a de que o jovem tenha sido empurrado. Ele destacou que existem contradições na versão apresentada por Gabriela Vasconcelos.

“A gente levantou bastante informação que está tendo desencontro. Conseguimos levantar algumas coisas para o DHPP, Ministério Público e também estamos aqui para cobrar essa resposta [cadê Lucas]. Tem essa hipótese dele ter pulado ou ele ter sido empurrado, a gente trabalha hoje com 50% de cada. Até que prove o contrário a gente tem que ter todas essas provas e estamos começando a apresentar para as autoridades pra eles terem o fundamento", comentou.

Namorada e amiga prestam depoimento 

Quase 1 ano depois do desaparecimento, o DHPP intimou Gabriela Vasconcelos e uma amiga, de nome não revelado, a prestarem um novo depoimento sobre o dia do desaparecimento. O A10+ tentou, mas a polícia não informou o conteúdo do depoimento delas. A defesa da família de Lucas apontou supostas contradições. 

Namorada de Lucas Vinícius é intimada para prestar novo depoimento no DHPP Reprodução

   

A decepção e dor de uma mãe sem respostas 

Ana Lúcia, mãe de Lucas, relatou ao A10+ que a família está decepcionada com o caso, principalmente depois que a justiça do Piauí negou o pedido para examinar um corpo carbonizado que eles desconfiam que pode ser do jovem desaparecido há 1 ano.

Mãe de Lucas questiona: “Vocês já viram um corpo afogado que passou três meses no rio?” Reprodução

   

“Nós estamos decepcionados porque o corpo carbonizado apareceu com sete dias do desaparecimento do meu filho e não existe nenhuma família questionando sobre esse corpo a não ser a nossa e esse corpo apresenta uma deformidade óssea do lado esquerdo da escapula a qual o nosso filho tem. Não compreendemos o porquê o juiz nos negou de fazermos o DNA, sendo que é um direito que temos e não tem outra família que atrás desse corpo. Estamos muito decepcionados”, lamentou a mãe de Lucas.

Ana Lúcia ainda falou ao A10+ que não acredita que seu filho tenha se jogado da ponte Juscelino Kubitschek e que ele não tinha tendências suicidas. “A única certeza que eu tenho cada vez mais é que meu filho não se jogou. Eu falo com propriedade porque eu sei do que estou falando. Meu filho nao tem perfil suicida. Os bombeiros fizeram quase um mês de varredura no rio e eles mesmos falaram que nunca viram uma coisa dessa, que todo mundo que se afoga nesse rio aparece”.

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O que diz a polícia? 

Durante dias, o A10+ tentou contato com a delegada Fernanda Novaes, responsável pelo caso, mas não obteve retorno nem respostas sobre a conclusão do inquérito, muito menos os desdobramentos da investigação após depoimento da namorada e uma amiga. O caso está em segredo de justiça. 

Defesa da namorada 

O A10+ procurou a defesa de Gabriela Vasconcelos para comentar o caso e os questionamentos da família de Lucas acerca do desaparecimento, mas a jovem, segundo o advogado que a representa, está viajando.