(Atualizada às 13h33)
Policiais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) prenderam sete pessoas suspeitas de participação na morte do bebê Wesley Carvalho, de 1 ano e 9 meses, que desapareceu em dezembro de 2021. A criança foi queimada em um ritual. Os pais e avós foram presos em fevereiro como os principais suspeitos do crime.
Ao A10+, o delegado Matheus Zanatta confirmou que foram apreendidos quatro adolescentes e três adultos. Entre eles, o adolescente que era apontado como falso profeta. Eles ficarão recolhidos por 45 dias, já os adultos presos foram levados à DPCA para prestarem esclarecimentos.
Segundo a polícia, as representações foram realizadas após contradições apresentadas pelos pais e avós de Wesley. “Essas medidas judiciais são imprescindíveis para a conclusão das investigações. O fundamento dessas representações foram as contradições existentes entre o interrogatório dos pais e avós da criança desaparecida, por isso a Polícia Civil decidiu efetuar essas novas representações com o intuito de concluir o inquérito policial”, comentou.
O delegado destacou ainda que a justiça prorrogou por mais 30 dias a prisão temporária dos pais e avós paternos de Wesley.
Entenda o caso
A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) está investigando o desaparecimento do bebê Wesley Carvalho de Ferreira de 1 ano e 10 meses. A família diz que o bebê foi tomado dos braços da mãe em dezembro de 2021, na praça da Bandeira, Centro de Teresina.
Em entrevista ao A10+, Raimundo Wellington, sobrinho de Angela Valéria, mãe da criança, afirmou que a família só teve conhecimento do caso dois meses após o desaparecimento. Para a família, Angela contou que estava na praça com o marido, pela manhã, esperando o ônibus, já para retornar a sua residência, quando dois homens chegaram armados, e pediram a criança, sob ameaça de atirar no casal e bebê.
"Ela estava em casa, e passou alguns dias sem dá noticia, nós fomos lá para saber como eles estavam, quando chegamos lá, ela deu essa notícia, que tinha ido com o marido dela fazer compras, aí quando chegaram dois homens pedindo a criança, aí eles entregaram a criança. Eles ficaram sem reação", explicou.
Vizinha cita comportamento estranho dos pais do bebê
Uma vizinha do casal, que preferiu não se identificar, relatou ao A10+ que os pais do bebê Wesley eram 'esquisitos e estranhos' e que nunca viu a criança. Ela citou que não via movimentação na casa, mas sabia que eles eram crentes. Os pais moravam no povoado Santa Tereza, zona Rural de Teresina.
"Eles não falavam com ninguém, não dava bom dia, nem nada. Ficamos indignados com a história até porque era uma criança. Nunca fui convidada a participar dessa seita e nem quero saber. Depois só soube que eles foram embora. Nunca vi movimentação desse ritual. Só sabia que eles eram crentes e estranhos. Ninguém tinha intimidade com eles", disse.
Medo de denunciar
Em entrevista à TV Antena 10, a mãe da criança, Ângela Valéria, afirmou que não denunciou o caso à polícia, na época do ocorrido, porque estava com medo de sofrer retaliações por parte dos supostos sequestradores.
"Estávamos nervosos e não queríamos contar para a família... e também se os bandidos vissem alguma notícia eles poderiam vir atrás da gente para matar a família. Estávamos com medo. Eles chegaram na praça e pediram para passar a criança. Achávamos que era brincadeira, mas depois eles ameaçaram de atirar", disse.
Pais de Wesley mudam versão e confirmam que bebê morreu após jejum, diz delegado
O delegado geral da Polícia Civil, Luccy Keiko, confirmou que os pais de Wesley Carvalho, desaparecido em dezembro do ano passado, mudaram a versão e afirmaram que o bebê morreu em decorrência de um jejum religioso de duas semanas. A declaração foi dada nesta terça-feira (22) em entrevista à TV Antena 10. A mãe, pai e avós paternos da criança foram presos nessa segunda-feira (21).
“Desde o início da investigação, os pais e a família paterna apresentavam informações conflitantes, nós trabalhamos durante todo o final de semana tentando descobrir, a família ainda chegou a dizer que ele tinha caído em um poço, quando estaria com os avós paternos e o pai, levamos o corpo de bombeiros e fizemos escavações, e nada foi encontrado”, disse.
Diante das versões apresentadas, a polícia resolveu pedir a prisão dos quatro. “A versão inicial não se confirmou, era muito frágil desde o inicio, depois a mãe apresentou outra versão, diferente dos demais, percebemos que todos estavam mentindo, daí as prisões”, contou Keiko.
Após a prisão, os pais do bebê apresentaram a mesma versão, mais aceita pela polícia, que teriam realizado um jejum de 14 dias, em que a criança, também foi submetida, vindo a adoecer e falecer. “Após encontrar a criança morta, o pai resolveu cremar nos fundos da residência na zona rural, essa é a informação que a mãe dá, mas considerando o histórico de mentiras, vamos apurar com rigor”, detalhou.
A perícia criminal passou toda a manhã no local onde a família residia, procurando os restos mortais do bebê, entretanto como o crime ocorreu no mês de dezembro, foi encontrado poucos resquícios de cinzas. Os quatro permanecerão presos até que o caso seja elucidado.
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