A Secretaria de Segurança Pública do Piauí emitiu uma nota de esclarecimento na tarde desta segunda-feira (03), chamando a atenção de que não há dúvidas sobre a causa da morte do jovem Carlos Henrique, ocorrida em Teresina no último dia 30 de maio. O posicionamento surgiu após um comunicado do Hospital de Urgência de Teresina (HUT) que contradisse o laudo apontado pelo Instituto Médico Legal (IML) no caso.
Em nota, a SSP-PI validou o laudo que aponta como causa o politraumatismo e lesões por ação contundente, provocados após colisão no veículo onde a vítima se encontrava, e não há evidência alguma de que ele foi alvejado por disparo de arma de fogo. Em vídeo, o secretário de Segurança Chico Lucas comentou o caso e disse que o DHPP é uma instituição séria.
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“Queremos deixar claro que a toda sociedade piauiense que nós confiamos e ratificamos o laudo emitido pelo Instituto Médico Legal, que disse que a causa da morte foi politraumatismo, decorrente do acidente de trânsito. Além disso, como é do conhecimento de todos, o DHPP é uma instituição séria da Polícia Civil, que sempre age com total independência e os delegados que lá estão, vão conduzir esse inquérito como tantos outros com a independência e autonomia desnecessária para elucidar os crimes. É bom que se diga, que essa ação esteve dentro dos trâmites legais desde o início”, disse o secretário.
O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil do Piauí já prestou todos os esclarecimentos à família da vítima, que teve acesso às imagens das câmeras de segurança do local do acidente. O comunicado pontuou ainda que em solidariedade e respeito à família de Carlos Henrique, as imagens não serão divulgadas à imprensa, mas serão anexadas ao inquérito policial, previsto para finalizar em até 30 dias pelo DHPP.
“Quem abriu a cabeça foi o IML, não tem o que se discutir”, rebate perito geral
O Perito Geral da Polícia Técnico-Científica do Piauí, o médico legista Antônio Nunes, comentou ao A10+ na tarde desta segunda-feira (03), sobre a nota do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), que informou que o SAMU disse à unidade que o músico Carlos Henrique de Araújo Rocha, de 24 anos, havia sofrido uma perfuração de arma de fogo na região da cabeça, o que contradiz o laudo do Instituto Médico Legal (IML).
Para Antônio Nunes, é uma situação em que não há o que se discutir, pois foi a perícia que realizou a abertura do crânio da vítima e realizou todos os procedimentos necessários para constatar a causa mortis. "Quem abriu a cabeça foi o IML, não tem o que se discutir”, relatou.
A informação do SAMU ao HUT surge em detrimento ao laudo que apontou que o músico faleceu em decorrência de politraumatismo e lesões por ação contundente, provocados após a forte colisão no veículo onde ele estava. Além disso, no corpo da vítima não foi encontrado projétil de arma de fogo.
“O que o HUT falou foi o que o Samu disse que tinha; dizer por dizer. Como que você abre a cabeça e não vê um buraco? O Samu viu o ferimento na cabeça e foi dizer que era arma de fogo. Ferimento era mais correto. Quem abriu a cabeça foi o IML, não tem o que se discutir”, destacou o médico legista.
Procurado pelo A10+, o HUT informou que Carlos Henrique tinha ferimento na cabeça, mas não foi possível fazer o exame de imagem para confirmar ou descartar se o ferimento era por arma de fogo. Para a reportagem, perito geral da Polícia Técnico-Científica do Piauí destacou ainda que não havia sinais no cérebro da vítima provocados por arma de fogo e que um tiro resultaria em uma lesão de grande dimensão.
O caso
Carlos Henrique estava em um veículo que foi atingido violentamente por um SUV dirigido por criminosos que fugiam da polícia na Av. Presidente Kennedy com Av. Dom Severino, na zona Leste de Teresina, na madrugada desta quinta-feira (30). Após a colisão dos veículos, os bandidos iniciaram uma troca de tiros com os policiais. Testemunhas relataram que o músico teria sido atingido por uma bala perdida na cabeça.
O A10+ apurou que Carlos Henrique teve o pé cortado, baço e fígado machucados, além de costelas quebradas e a cabeça com um corte profundo o que teria, inicialmente, provocado o boato de que ele havia sido baleado. A suspeita é que o ferimento ocorreu após a colisão dos veículos. A família da vítima está consternada com o caso.
A reportagem também conversou com um militar que confirmou a versão de que Carlos Henrique não foi atingido por bala perdida. O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que poderá realizar uma reconstituição do crime para elucidar a real dinâmica do acidente que vitimou o músico.