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O delegado Humberto Mácola, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), foi o convidado do episódio desta semana do A10Cast, podcast da TV Antena 10, nesta semana. Na conversa, ele abordou o avanço dos crimes cibernéticos no Piauí e no Brasil, destacou os principais desafios enfrentados pela polícia e defendeu mudanças na legislação para frear a escalada dos golpes digitais. Segundo ele, o crime virtual se tornou mais lucrativo e menos arriscado que crimes tradicionais, como o roubo, o que tem atraído cada vez mais criminosos.
“Com toda essa tecnologia embarcada na internet, o criminoso percebeu que o prejuízo que causava fora, no meio presencial, se tornou ínfimo comparado ao potencial que a internet pode gerar. Nosso carro-chefe é o estelionato. A importância desse tipo de crime é tamanha que foi criado um aparato específico para ele, com aumento da pena por conta do seu potencial lesivo”, explicou.
Segundo o delegado, em 2017 a DRCI registrou 70 boletins de ocorrência por crimes cibernéticos. Em 2020, esse número saltou para 1.700. Já em 2024, foram 7.500 ocorrências e, em 2025, só nos primeiros meses, o número já supera o do mesmo período do ano anterior. Entre 2023 e 2025, o prejuízo estimado causado por golpes virtuais no estado é de R$ 9 milhões, podendo, segundo o delegado, ser o dobro disso.
O delegado alertou para a sofisticação das quadrilhas virtuais, que operam com métodos variados para enganar vítimas. “O criminoso sempre tenta inventar algo novo, num cenário falso, que chama atenção da vítima e gera um gatilho emocional. Existe hoje uma verdadeira fábrica de golpes na internet, com empresas que fazem disparo em massa”, detalhou.
“O crime de estelionato eletrônico é considerado sem violência ou grave ameaça. Isso garante vantagens como progressão de pena e liberdade para os criminosos. Hoje, o roubo não está sendo mais tão sedutor quanto o crime cibernético e isso precisa mudar”, criticou.
O delegado também citou a complexidade das investigações, que exigem o uso de tecnologia e inteligência. “A vítima está em Teresina, a testemunha em outro lugar, o criminoso em outro estado. Sem ferramentas robustas, seria inviável investigar. Felizmente, o Piauí é referência nacional, com apoio e capacitação técnica, o que torna nossas investigações mais qualificadas”.
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Ele alertou ainda para o papel de pessoas comuns que, muitas vezes, participam dos golpes como “laranjas” ao cederem suas contas bancárias.
"Essas empresas bancárias tem investido muito em tecnologia; a maioria delas investe em prevenção de fraudes, então hoje pra abrir uma conta com documento falso é muito difícil. Então eles começaram a abordar pessoas comuns para utilizar como laranjas. Hoje você observa anúncios que pedem para pessoas emprestarem a conta porque a pessoa vai ganhar 10% do que vai trafegar nela. Essa pessoa comum acaba sendo seduzida para isso e entrega o seu acesso para esses criminosos para que eles recebam valores que são oriundos desses golpes. É inadmissível você emprestar sua conta achando que isso não será para algo ilícito", pontuou.
Um dos casos acompanhados pela DRCI envolve um senhor que perdeu R$ 300 mil em apenas 6 meses após ser vítima de um relacionamento falso nas redes sociais. "Esse senhor casado se relacionava com uma moça em uma rede social. Essa pessoa mandava imagens para ele em visualização única e quando ele abria era uma mulher atraente e ele estabeleceu esse relacionamento. Ele nunca tinha pedido dinheiro emprestado pra ninguém da família e começaram a desconfiar depois que ele começou a pedir. A esposa alertada confronta ele e ele solta que torrou a poupança da família acreditando estar conversando com uma mulher, que na verdade nem mulher era. Já chegamos na identificação desse criminoso, ele está em outro estado e estamos tentado capturá-lo".
Por fim, o delegado reforçou que a população precisa estar atenta e se proteger. “A gente precisa saber da nossa segurança. A gente precisa ter cuidado com estranhos, com quem fala, quem aborda você na internet. Hoje nós precisamos trafegar em ruas iluminadas na vida real, então precisamos trafegar também em sites que sejam claros, que tenham uma certa segurança”, concluiu.
Fonte: Portal A10+