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Um simples aviso se transformou em símbolo de insensibilidade. A imagem de um cachorro com o dedo humano sobre o focinho, usada pela empresa Predial para pedir que moradores de um condomínio no bairro Primavera, zona norte de Teresina, não alimentem animais abandonados, provocou revolta e indignação nas redes sociais. Mais do que uma polêmica momentânea, o episódio revela a urgência de se repensar a forma como a gestão de espaços coletivos lida com questões que exigem humanidade, ética e empatia.
O caso do cartaz da Predial é um retrato fiel de como decisões administrativas, tomadas sob a ótica da “ordem” e da “higiene”, podem ignorar dimensões éticas e afetivas fundamentais à convivência social. A imagem de um cachorro sendo “mandado calar a boca” não é apenas de mau gosto — é simbólica de um modo de pensar que silencia a compaixão, como se o incômodo valesse mais do que a vida.

O texto do comunicado, que proíbe moradores de alimentarem os animais sob o argumento de evitar “doenças respiratórias e micoses”, não se sustenta nem cientificamente nem moralmente. O abandono animal é um problema urbano grave, que não se resolve com proibições, mas com educação, responsabilidade compartilhada e políticas públicas.
Em vez de silenciar o gesto solidário, a administração poderia ter adotado uma abordagem construtiva: propor a criação de um grupo de voluntários para cuidar dos animais de forma organizada; buscar parcerias com ONGs de proteção animal; e dialogar com a prefeitura para implementar programas de castração, vacinação e adoção. Medidas simples, mas de grande impacto social.
O argumento de que “alimentar atrai mais animais” ignora a realidade: eles não aparecem porque são alimentados — são alimentados porque estão ali, abandonados. Negar-lhes comida é apenas empurrar o problema para a calçada seguinte.
A reação dos moradores e internautas demonstra que a sociedade já não aceita a desumanização travestida de gestão. O gesto do cachorro silenciado virou, ironicamente, um grito coletivo por mais empatia. É o tipo de caso que evidencia a necessidade de as empresas repensarem sua comunicação institucional — especialmente quando envolvem temas sensíveis como meio ambiente, direitos dos animais e responsabilidade social. "Eu não deixarei de alimentar e dar água aos animais", afirma uma moradora.
Em condomínios, escolas ou espaços públicos, a regra precisa caminhar junto da consciência. A administração deveria ser exemplo de cidadania, não de distanciamento. Quando a burocracia fala mais alto que a empatia, perde-se a essência do convívio humano.
Mas, o que fazer em situações como essa? A melhor saída para casos como o do condomínio de Teresina é unir organização e compaixão. Administradores devem:
Dialogar com moradores antes de impor regras sobre questões sensíveis.
Buscar orientação de ONGs e órgãos públicos especializados em controle populacional de animais.
Estimular a adoção responsável e campanhas educativas.
Evitar comunicações punitivas ou insensíveis, priorizando sempre o respeito à vida.
Cuidar não é crime. É o primeiro passo para construir comunidades mais seguras, humanas e conscientes.
Fonte: Portal A10+