CNJ apura conduta de magistrados em caso de aborto negado à menina de 11 anos estuprada no Piauí - Justiça
APURAÇÃO DE CONDUTA

CNJ apura conduta de magistrados em caso de aborto negado à menina de 11 anos estuprada no Piauí

Caso aconteceu em 2022, no Piauí. Menina ficou grávida por duas vezes


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O corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, determinou a abertura de um processo administrativo disciplinar para apurar a conduta das juízas Maria Luiza de Moura Mello e Freitas e Elfrida Costa Belleza Silva no caso da uma menina de 11 anos, vítima de estupro, que teve o direito ao aborto legal negado no Piauí. Hoje as magistradas atuam, respectivamente, na 1ª e 2ª Vara da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça do Piauí, em Teresina.

Na época em que o abortamento foi negado à menina, ambas as juízas atuavam na 1ª Vara, que fica responsável por conceder medidas protetivas e cuidar de casos relacionados a tutela, guarda e adoção. O desembargador José James Gomes Pereira, que presidiu o Tribunal Eleitoral do Piauí, até o ano passado, também está respondendo pela postura que adotou na oportunidade.

 

Sede do Conselho Nacional de Justiça
Foto: Rômulo Serpa/Agência CNJ

   

De acordo com os documentos disponíveis no processo instaurado no CNJ, a queixa foi registrada formalmente pelo Anis - Instituto de Bioética e por parlamentares, entre eles, Erika Kokay (PT-DF). 

A garota era moradora de uma zona rural de Teresina e engravidou pela segunda vez após sofrer violência sexual. Ela foi proibida de abortar, por médicos e autoridades da Justiça, mesmo tendo direito assegurado pela legislação vigente no país.

A vítima chegou a ser constrangida por uma médica a levar a gestação até o fim, conforme veículos de imprensa denunciaram. A lei, no Brasil, descriminaliza o abortamento em três casos: quando seguir com a gravidez representa um risco para a mulher; quando o feto apresenta anencefalia e quando a gravidez é resultado de um estupro.

O documento destaca ainda que, "segundo reportagens, a juíza Maria Luiza de Moura teria nomeado uma defensora pública para defender os interesses do feto". As autoras da reclamação também argumentam que a menina já havia comunicado a intenção de realizar o aborto e, mesmo assim, após um mês da descoberta da gravidez, a juíza ainda não havia autorizado o procedimento, que foi liberado pela magistrada Elfrida Costa. Na sequência, o desembargador José James voltou se posicionar contra o aborto da vítima.

O Anis e as parlamentares afirmam que a atitude das juízas e do desembargador "é grave, já que 'reforça as estatísticas deletérias de uma cultura machista e de violência diária contra as meninas e mulheres'". O que acreditam e apontam é que os três agiram conforme motivações morais e/ou religiosas e posições ideológicas, o que não deve acontecer na aplicação da lei.

Caso ganhou ampla divulgação em setembro de 2022. Em janeiro de 2023 dois homens foram presos acusados do crime. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Piauí, as investigações apontaram que um dos acusados é tio da vítima responsável pelas duas práticas contra a menor [quando ela engravidou].

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Fonte: Agência Brasil


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