(Atualizada às 18h02)
Amigos, familiares e estudantes da Universidade Federal do Piauí (UFPI) realizaram na tarde desta segunda-feira (30) uma vigília no campus da instituição em memória da estudante de jornalismo, Janaína da Silva Bezerra. A jovem, de 22 anos, foi estuprada, morta e teve o pescoço quebrado após uma calourada que ocorreu nas dependências da instituição no último sábado (28).
O ato, que contou a participação de outras entidades da comunidade acadêmica, foi convocado pelo Centro Acadêmico de Comunicação Social (Cacos), curso do qual Janaína era estudante. Além das homenagens e pedidos de justiça, os alunos protestaram pela falta de segurança na UFPI.
Janaína Bezerra era a primeira pessoa da família a cursar o ensino superior. Muito estudiosa, a jovem adorava ler e queria ser escritora. Em entrevista à TV Antena 10, a mãe da jovem, Maria do Socorro, pediu justiça e citou que perdeu uma parte do seu coração com a precoce partida da estudante de jornalismo.
Mais cedo, a UFPI anunciou a proibição das festas no campus e criação de um protocolo oficial de enfrentamento à violência contra as mulheres no âmbito da instituição. Representantes da Comissão de Apoio à Vítima de Violência, da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Piauí, relataram que irão prestar assessoria jurídica gratuita à família da vítima.
"É necessário um protocolo em que os assédios não sejam só uma notícia, uma nota e sim algo sério, que seja tratado com seriedade dentro da universidade, a gente denuncia há anos esse tipo de violência e a gente tem respostas concretas, medidas concretas e assertivas. Então, essa é a nossa forma de homenagear, de se despedir também, de fazer as nossas orações, as nossas preces e clamar por justiça, pela Janaína e por todas as outras mulheres, meninas vítimas de feminicídio", declarou Clara bispo, integrante do Centro Acadêmico ao A10+.
Maria do Socorro, mãe de Janaína Bezerra, também esteve participando do ato. Bastante emocionada, a dona de casa pediu, por inúmeras vezes, justiça pela morte de sua filha. Ela relembrou que a jovem era dedicada, sonhadora e que queria mudar a vida dos familiares através do Jornalismo. Com o coração destruído, dona Socorro comentou que perdeu um pedaço que não volta nunca mais.
"Tiraram a vida da minha filha, sonhadora, lutadora, vencendo pra ter uma vida melhor e achar um pra tirar a vida dela, estragou o sonho dela, que ela tinha sonho com a família e com os irmãos. Eu só peço uma coisa, justiça... que ela foi um pedaço de mim que não volta nunca mais. Nunca mais eu vou ver a minha filha. Toda hora eu choro, toda hora eu lembro dela.. Por que fizeram isso? Minha filha era muito importante pra mim. Nós lutamos por ela e ela estava lutando por nós que era pra ajudar a família e destruíram o sonho da minha filha. Eu quero justiça, justiça. Eu sou a mãe da Janaína. Eu quero justiça, estou clamando justiça por ela... não é por mim, é por ela", encerrou.
Versão de suspeito
Thiago Mayson passou por audiência de custódia na tarde deste domingo (29). Em depoimento à polícia, ele contou que já conhecia a vítima e teriam “ficado” em outras ocasiões. Ele relatou que estavam em uma “calourada” na UFPI e que por volta das 2h convidou a jovem para seguirem a um corredor e em seguida se dirigiram a uma das salas de aula onde praticaram sexo consensual e que após a prática sexual a vítima teria ficado desacordada por duas ocasiões, sendo a última por volta das 4h.
Ele alegou que permaneceu ao lado do corpo da vítima durante toda a madrugada e solicitou socorro à segurança da Universidade por volta das 9h de sábado (28), que conduziu a vítima ao Hospital da Primavera, onde foi constatado o óbito. Segundo o IML, a causa da morte aponta para trauma raquimedular por ação contundente, ou seja, houve uma contusão na coluna vertebral a nível cervical, o que causou lesão da medula espinhal e a morte.
O delegado Barêtta, coordenador do DHPP, relatou ao A10+ que Janaína foi violentada em uma sala no prédio do Programa de Pós-Graduação em Matemática. Na sala foi encontrado um colchão ensanguentado. De acordo com a legista, a ação contundente pode ter sido causada por pancada, torcendo a coluna vertebral ou traumatizando, ação das mãos no pescoço com intuito de matar ou fazer asfixia, queda, luta, dentre outras possibilidades que estão sendo analisadas junto às investigações do caso.
Integrante do DCE afirma que UFPI era ciente de festas e reafirma problemas na segurança
A morte brutal da estudante de Jornalismo, Janaína Bezerra, voltou a evidenciar os problemas de segurança reclamados por alunos da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Ao A10+ a diretora de Comunicação do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Karla Luz, afirma que a instituição tinha ciência das festas e que as queixas sobre segurança já haviam sido repassadas.
“A universidade tem ciência total de todos os acontecimentos. Essa responsabilidade eles não podem tirar de si. Embora eles digam que não e autorizado, eles sabem e os segurança vigiam lá, passam fazendo rondas as vezes, mas eles não ficam lá porque tem o detalhe que a segurança da UFPI é patrimonial. Eles vigiam o patrimônio”, explica.
O DCE funciona dentro da universidade, no espaço do Centro de Ciências da Natureza (CCN). Nele funciona um espaço de integração que é cedida a partir de solicitações, geralmente arrecadação para eventos estudantis ou integrações culturais. Em nota, a UFPI informou que não autorizou a realização de uma calourada na instituição na última sexta-feira (27).
A falta de segurança na Universidade Federal do Piauí (UFPI) já é tema recorrente entre alunos. Casos já repercutiram nos últimos anos e segundo Karla Luz, já houveram reuniões com a reitoria e os mesmos alegaram mudanças na segurança da instituição.
Mãe de estudante estuprada e morta na UFPI pede justiça: “Tirou um pedaço do meu coração”
Após a morte violenta da estudante de Jornalismo da UFPI, Janaína da Silva Bezerra, a família pede por justiça. À TV Antena 10, a mãe da jovem, Maria do Socorro, relatou que a filha não conhecia o suspeito, era uma jovem voltada aos estudos e lamentou a falta de segurança na universidade. Ela também acredita que uma segunda pessoa participou do crime.
Thiago Mayson da Silva Barbosa, aluno do Programa de Pós-Graduação em Matemática da UFPI, é considerado o principal suspeito e teve a prisão preventiva decretada pela justiça do Piauí neste domingo (29). Janaína Bezerra, 22 anos, foi estuprada, morta e teve o pescoço quebrado, apontou laudo do IML.
“Quando cheguei lá encontrei minha filha morta. Não acreditei, fiquei em desespero, fiquei sem saber o que fazer. Ele tirou a vida da minha filha e eu só quero justiça, justiça. Eu quero que ele pague. Eu quero que as pessoas grandes tenham mais cuidado, porque muitas mães já perderam. Lá dentro tem tudo. Vejo que tem sala fechada, não tem segurança, não tem nada”, afirmou Maria do Socorro.
Maria do Socorro relatou que a polícia trabalha com a hipótese de um segundo suspeito de participação no estupro. A família não acredita que Thiago cometeu o crime sozinho.
“Ele já ia desovar minha filha, a sorte é que esse rapaz ia passando e viu. O outro já ia passando no carro para botar minha filha. Eles são filhos de papaizinho, filho de papaizinho acha que pode tudo. Ele disse que costuma dividir. So um não dava conta porque minha filha foi muito machucada. Se fosse só um ela teria dado um jeito de escapar dele. Minha filha foi muito sofrida, nunca imaginei”, contou.
Quem era?
Janaína da Silva Bezerra, 21 anos, morava com a família no Parque Brasil I, zona Norte de Teresina, e estava no 4º período do curso de Comunição Social (Jornalismo) na UFPI. Familiares relataram ao A10+ que ela era uma menina esforçada, humilde e que sonhava mudar a vida da família. Segundo eles, a jovem não tinha costume de chegar tarde em casa.
Convite para calourada
Um familiar contou ao A10+ que Janaína foi chamada por uma amiga para ir a uma calourada na UFPI na noite de sexta-feira (27). Horas depois, essa amiga foi embora e a jovem teria ficado no local na presença de um rapaz, apontado como principal suspeito de abusar sexualmente da vítima. A polícia ainda deverá ouvir a amiga acerca do caso.
Governador do Piauí se posiciona
Nas redes sociais, o governador Rafael Fonteles (PT) prestou condolências à família de Janaina e afirmou que os esforços da polícia neste momento estão voltados para solucionar o caso e punir os culpados.
“Nossos sentimentos à família da estudante Janaina Bezerra da Silva, morta na UFPI em circunstâncias ainda não totalmente esclarecidas. Nossa Polícia está trabalhando na apuração deste fato lamentável para que os responsáveis sejam punidos na forma da lei”, escreveu.
O que diz a UFPI?
A instituição alegou que não autorizou a realização da calourada e que a festa, promovida pelo DCE, ocorreu nas instalações do próprio Diretório, sediado no prédio do Centro de Ciências da Natureza (CCN). Em nota, o reitor da UFPI alegou que um processo administrativo será instaurado para esclarecer os fatos.
Veja abaixo a nota na íntegra:
Com imenso pesar, a Universidade Federal do Piauí (UFPI) comunica e lamenta profundamente que, na manhã de hoje (28), a Coordenadoria de Segurança e Vigilância da Instituição encontrou, no espaço da sede do Diretório Central dos Estudantes (DCE), no Campus de Teresina, uma jovem desacordada, que foi urgentemente levada, por equipe de seguranças da Universidade, para o Hospital da Primavera.
Até o momento da elaboração desta nota, não há identificação formal da vítima e divulgação de laudo pericial pelo órgão responsável. Todas as providências para colaborar com as investigações das autoridades policiais, como isolamento da referida área no campus e boletim de ocorrência, foram adotadas imediatamente pela UFPI. Além disso, a Universidade está efetuando o levantamento de todas as imagens captadas por câmeras de segurança.
O fato aconteceu em festa promovida pelo DCE, nas instalações do próprio Diretório, sediado no prédio do Centro de Ciências da Natureza (CCN), sem autorização de qualquer autoridade da Universidade.
A UFPI desaprova quaisquer eventos que adotem condutas que coloquem em risco a comunidade acadêmica, e preza pela segurança e bem estar de estudantes, professores e servidores técnico-administrativos, com a adoção de diversas estratégias constantemente divulgadas à comunidade.
As primeiras informações apontam para a ligação do fato a um suspeito já detido pelas autoridades policiais, após condução do mesmo por seguranças da UFPI. A Administração Superior continuará acompanhando as informações oficiais sobre o fato e se une à sociedade no desejo por justiça.
Na manhã deste sábado (28), o Reitor da UFPI determinou a imediata instauração de processo administrativo para apuração dos fatos, bem como a responsabilização dos envolvidos e disponibilizará todo o apoio que possa auxiliar no trabalho das autoridades policiais.
Este é um momento de grande dor e tristeza, que deixa consternada toda a comunidade ufpiana. A UFPI se solidariza com familiares e amigos da vítima, e se coloca à disposição para apoio e providências. Manifesta as mais sinceras condolências diante do triste acontecimento.
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