A Universidade Federal do Piauí (UFPI) informou nesta segunda-feira (30) que a realização de eventos festivos que extrapolem o caráter estritamente acadêmico-científico estará suspensa até que ocorra a deliberação do conselho superior competente na Universidade. A decisão ocorre após o assassinato da estudante de Jornalismo, Janaína Bezerra, 22 anos, que foi estuprada e morta na madrugada do último sábado (28) em Teresina.
A jovem foi morta após calourada que, segundo a UFPI, aconteceu sem autorização. O principal suspeito de cometer o crime, Thiago Mayson da Silva Barbosa, aluno do Programa de Pós-Graduação em Matemática da instituição, teve a prisão preventiva decretada. Segundo a polícia, Janaína foi abusada sexualmente e teve o pescoço quebrado.
Em nota encaminhada ao A10+, a UFPI informou que considerando os estudos, pesquisas e experiências já produzidas por seus docentes, servidores e estudantes, elaborará, por meio de comissão constituída para esse fim, um protocolo oficial de enfrentamento à violência contra as mulheres no âmbito da instituição.
Veja abaixo a nota na íntegra:
A Universidade Federal do Piauí (UFPI) reconhece a importância histórica do movimento estudantil no país e no Estado, e acolhe essa atuação na Instituição. No entanto, diante das atuais circunstâncias, a realização de eventos festivos que extrapolem o caráter estritamente acadêmico-científico estará suspensa até que ocorra a deliberação do conselho superior competente na Universidade.
Além disso, a UFPI, considerando estudos, pesquisas e experiências já produzidas por seus docentes, servidores e estudantes, elaborará, por meio de comissão constituída para esse fim, um protocolo oficial de enfrentamento à violência contra as mulheres no âmbito da UFPI, incluindo estratégias de sensibilização e educação permanente, em parceria com outras instituições do estado que também discutem a questão da violência de gênero.
Versão de suspeito
Thiago Mayson passou por audiência de custódia na tarde deste domingo (29). Em depoimento à polícia, ele contou que já conhecia a vítima e teriam “ficado” em outras ocasiões. Ele relatou que estavam em uma “calourada” na UFPI e que por volta das 2h convidou a jovem para seguirem a um corredor e em seguida se dirigiram a uma das salas de aula onde praticaram sexo consensual e que após a prática sexual a vítima teria ficado desacordada por duas ocasiões, sendo a última por volta das 4h.
Ele alegou que permaneceu ao lado do corpo da vítima durante toda a madrugada e solicitou socorro à segurança da Universidade por volta das 9h de sábado (28), que conduziu a vítima ao Hospital da Primavera, onde foi constatado o óbito. Segundo o IML, a causa da morte aponta para trauma raquimedular por ação contundente, ou seja, houve uma contusão na coluna vertebral a nível cervical, o que causou lesão da medula espinhal e a morte.
O delegado Barêtta, coordenador do DHPP, relatou ao A10+ que Janaína foi violentada em uma sala no prédio do Programa de Pós-Graduação em Matemática. Na sala foi encontrado um colchão ensanguentado. De acordo com a legista, a ação contundente pode ter sido causada por pancada, torcendo a coluna vertebral ou traumatizando, ação das mãos no pescoço com intuito de matar ou fazer asfixia, queda, luta, dentre outras possibilidades que estão sendo analisadas junto às investigações do caso.
Integrante do DCE afirma que UFPI era ciente de festas e reafirma problemas na segurança
A morte brutal da estudante de Jornalismo, Janaína Bezerra, voltou a evidenciar os problemas de segurança reclamados por alunos da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Ao A10+ a diretora de Comunicação do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Karla Luz, afirma que a instituição tinha ciência das festas e que as queixas sobre segurança já haviam sido repassadas.
“A universidade tem ciência total de todos os acontecimentos. Essa responsabilidade eles não podem tirar de si. Embora eles digam que não e autorizado, eles sabem e os segurança vigiam lá, passam fazendo rondas as vezes, mas eles não ficam lá porque tem o detalhe que a segurança da UFPI é patrimonial. Eles vigiam o patrimônio”, explica.
O DCE funciona dentro da universidade, no espaço do Centro de Ciências da Natureza (CCN). Nele funciona um espaço de integração que é cedida a partir de solicitações, geralmente arrecadação para eventos estudantis ou integrações culturais. Em nota, a UFPI informou que não autorizou a realização de uma calourada na instituição na última sexta-feira (27).
A falta de segurança na Universidade Federal do Piauí (UFPI) já é tema recorrente entre alunos. Casos já repercutiram nos últimos anos e segundo Karla Luz, já houveram reuniões com a reitoria e os mesmos alegaram mudanças na segurança da instituição.
Mãe de estudante estuprada e morta na UFPI pede justiça: “Tirou um pedaço do meu coração”
Após a morte violenta da estudante de Jornalismo da UFPI, Janaína da Silva Bezerra, a família pede por justiça. À TV Antena 10, a mãe da jovem, Maria do Socorro, relatou que a filha não conhecia o suspeito, era uma jovem voltada aos estudos e lamentou a falta de segurança na universidade. Ela também acredita que uma segunda pessoa participou do crime.
Thiago Mayson da Silva Barbosa, aluno do Programa de Pós-Graduação em Matemática da UFPI, é considerado o principal suspeito e teve a prisão preventiva decretada pela justiça do Piauí neste domingo (29). Janaína Bezerra, 22 anos, foi estuprada, morta e teve o pescoço quebrado, apontou laudo do IML.
“Quando cheguei lá encontrei minha filha morta. Não acreditei, fiquei em desespero, fiquei sem saber o que fazer. Ele tirou a vida da minha filha e eu só quero justiça, justiça. Eu quero que ele pague. Eu quero que as pessoas grandes tenham mais cuidado, porque muitas mães já perderam. Lá dentro tem tudo. Vejo que tem sala fechada, não tem segurança, não tem nada”, afirmou Maria do Socorro.
Maria do Socorro relatou que a polícia trabalha com a hipótese de um segundo suspeito de participação no estupro. A família não acredita que Thiago cometeu o crime sozinho.
“Ele já ia desovar minha filha, a sorte é que esse rapaz ia passando e viu. O outro já ia passando no carro para botar minha filha. Eles são filhos de papaizinho, filho de papaizinho acha que pode tudo. Ele disse que costuma dividir. So um não dava conta porque minha filha foi muito machucada. Se fosse só um ela teria dado um jeito de escapar dele. Minha filha foi muito sofrida, nunca imaginei”, contou.
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