“Queria só minha filha dentro de casa”, afirma pai de Janaína Bezerra durante missa

Estudante de jornalismo foi morta de forma brutal dentro da UFPI; Thiago Barbosa, suspeito do crime, segue preso

Na missa de sétimo dia da estudante de Jornalismo, Janaína Bezerra, brutalmente assassinada no dia 28 de janeiro nas dependências da Universidade Federal do Piauí (UFPI), familiares e amigos da estudante seguem pedindo justiça. O principal suspeito de cometer o crime, Thiago Barbosa [mestrando em Matemática], segue preso. À TV Antena 10, o pai da jovem afirmou que vem recebendo apoio da universidade, mas que não paga a perda da filha. 

  

“Queria só minha filha dentro de casa”, afirma pai de Janaína Bezerra durante missa TV Antena 10 / Reprodução

   

"É um momento muito ruim. Estou sofrendo até hoje com a perda da minha filha. Eu não queria outra coisa, o que eu queria era só minha filha dentro de casa. Do jeito que ela chegasse em casa ela seria bem recebida. Não tenho a dizer. Ela (universidade) está dando apoio, mas o apoio não paga a vida da minha filha não. Não paga", disse Adão Bezerra, pai da estudante.  

Segundo o reitor, Gildásio Guedes a universidade vem prestando apoio para família e que tem ciência das reivindicações feitas pelos estudantes na última terça-feira (31). Um grupo apresentou algumas solicitações, entre elas, o reforço na segurança dentro da instituição. 

  

Familiares de Janaína Bezerra participam de missa de sétimo dia TV Antena 10

   

"Nós estamos consternados com esse acontecimento. Estamos tomando todas as medidas para fortalecer a segurança interna. Aumentar e fortalecer tudo que for suficiente para integridade daqueles que frequentam a universidade. Vamos ampliar o número de seguranças, ampliar o número de câmeras, ampliar o serviço prestado nesse sentido. Temos estudado para melhor a integridade dos nosso alunos, servidores e professores. Recebemos essas reivindicações e nos comprometemos a trabalhar em conjunto naquilo que diz a universidade. É um momento de muita dor, muita dor, mas também um momento para agirmos", conta. 

A universidade segue com a proibição de festas dentro do campusda instituição por tempo indeterminado.

Advogado explica segredo de justiça

Ao A10+ o advogado da família de Janaína Bezerra, Francisco Filho, explicou o motivo pelo pedido de segredo de justiça imposto ao caso pela delegada Nathália Figueiredo, titular da delegacia de Feminicídio. Segundo ele, esse segredo é normal em casos de crime violentos com intuito de preservar a imagem da vítima. 

"Esse segredo de justiça é em razão do crime que ela foi vítima. Todo crime sexual a lei já traz a obrigatoriedade do segredo de justiça. Como houve um auto de prisão em flagrante e houve essa desatenção na lavratura do auto de prisão em flagrante que quando foi distribuído não distribuíram com o segredo o que não ocorreu no inquérito, pois a doutora Nathália já abriu o inquérito no segredo de justiça. E esse segredo de justiça a lei traz isso para preservar a integridade, a memória da vítima envolvida nesse tipo de crime. É só por isso. Não tem nenhum objetivo outro", afirma o advogado.

Ele também conta que vem prestando assistência jurídica, acompanhado as investigações e levando para família informações de forma mais clara. Na segunda-feira (06) o inquérito deve ser entregue pela delegada.  

UFPI abre sindicância para definir punição de mestrando

A Universidade Federal do Piauí (UFPI) anunciou que formou uma comissão de sindicância para apurar as condutas de Thiago Mayson da Silva Barbosa, de 28 anos, suspeito de estuprar e matar a estudante de Jornalismo, Janaína Bezerra, de 22 anos, no último sábado (28), após uma calourada. Ele segue preso desde o dia do ocorrido. 

O reitor Viriato Campelo relatou à TV Antena 10 que a sindicância irá apurar as atitudes do suspeito para além da questão criminal, independente dos resultados da investigação policial e do processo. Entre as sanções direcionadas a Thiago está o cancelamento da sua matrícula, mesmo que ele venha a ser inocentado. O prazo é de 30 dias.

  

Thiago Mayson é suspeito de estuprar e matar Janaína Bezerra
Reprodução

   

A comissão se reunir para deliberar também sobre o fato do estudante estar bebendo dentro do campus, o que é proibido. A UFPI informou que Thiago Mayson tinha a chave da sala de estudo onde o estupro teria acontecido porque os alunos do mestrado, doutorado e iniciação científica de Matemática têm uma sala de estudo coletivo. A chave era compartilhada com outras 13 pessoas.

No dia do crime, um segurança da universidade flagrou Thiago com a blusa manchada de sangue e carregando a vítima desacordada em um corredor. Ao funcionário, o estudante relatou que a amiga tinha passado mal e estava procurando por socorro.

"Como pode o amigo de alguém estar passando mal e ele não chamar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência)?", questionou o delegado Francisco Costa Baretta, diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), responsável pela investigação, em entrevista ao R7.

O que diz o suspeito?

Thiago Mayson passou por audiência de custódia na tarde deste domingo (29). Em depoimento à polícia, ele contou que já conhecia a vítima e teriam “ficado” em outras ocasiões. Ele relatou que estavam em uma “calourada” na UFPI e que por volta das 2h convidou a jovem para seguirem a um corredor e em seguida se dirigiram a uma das salas de aula onde praticaram sexo consensual e que após a prática sexual a vítima teria ficado desacordada por duas ocasiões, sendo a última por volta das 4h.  

  

Janaína era estudante de Jornalismo na UFPI
Reprodução

   

Ele alegou que permaneceu ao lado do corpo da vítima durante toda a madrugada e solicitou socorro à segurança da Universidade por volta das 9h de sábado (28), que conduziu a vítima ao Hospital da Primavera, onde foi constatado o óbito. Segundo o IML, a causa da morte aponta para trauma raquimedular por ação contundente, ou seja, houve uma contusão na coluna vertebral a nível cervical, o que causou lesão da medula espinhal e a morte.  

O delegado Barêtta, coordenador do DHPP, relatou ao A10+ que Janaína foi violentada em uma sala no prédio do Programa de Pós-Graduação em Matemática. Na sala foi encontrado um colchão ensanguentado. De acordo com a legista, a ação contundente pode ter sido causada por pancada, torcendo a coluna vertebral ou traumatizando, ação das mãos no pescoço com intuito de matar ou fazer asfixia, queda, luta, dentre outras possibilidades que estão sendo analisadas junto às investigações do caso.

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