Caso Izadora Mourão: após ser absolvido, juiz determina soltura do jornalista João Paulo

Membros do conselho de sentença entenderam que ele não teve participação no crime

(Atualizada às 17h14)

O juiz Diego Ricardo Melo de Almeida, da 2ª Vara Criminal de Pedro II, determinou nesta quinta-feira (17) a soltura do jornalista João Paulo Santos Mourão. Ele foi absolvido do crime de homicídio contra a irmã, a advogada Izadora Mourão. João Paulo estava preso na Cadeia Pública de Altos desde fevereiro de 2021 (época do assassinato).

  

Caso Izadora Mourão: após ser absolvido, juiz manda soltar jornalista João Paulo
Reprodução

  

A mãe de João Paulo, Maria Nerci foi condenada a 19 anos e seis meses de prisão. Em nota divulgada à imprensa, o Ministério Público do Piauí afirmou que vai recorrer da decisão que absolveu João Paulo Mourão, e da pena aplicada à Maria Nerci.

O promotor Márcio Carcará relatou que a decisão que absolveu João Paulo é contrária à prova dos autos. Em relação à pena de Maria Nerci, ele afirma que está abaixo do esperado. “São três qualificadoras e uma agravante, havendo pelo menos três circunstâncias judiciais, previstas no artigo 59, do CP, que não foram desvaloradas adequadamente, o que elevaria o patamar da pena”, contou.

O coordenador do Gaej/MPPI detalhou também que o pacote anticrime prevê, que em caso de pena superior a 15 anos de prisão, a execução é imediata, não sendo possível a concessão de prisão domiciliar para a ré condenada.

Delegado não acredita em inocência de irmão

A absolvição de João Paulo, irmão de Izadora Mourão, advogada morta a facadas em fevereiro de 2021, em sua casa na cidade de Pedro II, pegou todos de surpresa. O julgamento foi realizado na quarta-feira (16), durante todo o dia, e em depoimento a mãe de Izadora, Maria Neci confessou o crime, e inocentou seu filho João Paulo.

  

Delegado não acredita em inocência de irmão, e se diz enojado com depoimento de mãe de
Izadora
TV Antena 10

   

Procurado pela TV Antena 10, o coordenador do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Barrêta, não aceitou gravar, mas afirmou que foi ficou surpreso com a decisão.

“Eu não tenho nada a dizer, estou enojado com o depoimento e a frieza da Maria Neci. Nosso trabalho foi muito bem feito, temos provas robustas de que o João Paulo participou do crime, mas a sociedade, o júri popular, decidiu deixar ela em casa, e absolver o João Paulo”, afirmou o delegado Barrêta à TV Antena 10.

Versão da idosa é questionada

A versão dita por Maria Nerci é questionada pela polícia. Provas periciais atestam que no dia do crime, o jornalista João Paulo executou e a mãe assistiu ao assassinato, pois a posição dos golpes de faca feitos em Izadora favorece o lançamento de sangue encontrado no vestido da mãe dela.

A vítima sofreu 11 golpes de faca, a maioria no pescoço e uma no peito. Foram feitas perfurações de 4 a 9 centímetros, que de acordo com a polícia, seriam incompatíveis com a força da idosa.

Na época, o Ministério Público defendeu a tese de que o crime foi cometido por João Paulo e Maria Nerci, e que a motivação foi relacionado a uma herança de cerca de R$ 4 milhões, deixada pelo pai da advogada.

Idosa afirma que matou filha sozinha

A aposentada Maria Nerci, 71 anos, prestou depoimento na tarde desta quarta-feira (16) e voltou a afirmar que matou sozinha a própria filha, a advogada Izadora Mourão. Ela negou, por inúmeras vezes, a participação do filho no crime.

Ela citou que deu vários golpes de faca em Izadora que estava deitada na cama. Maria Nerci relatou que não tinha preferência por nenhum filho, mas a relação com a filha não era fácil, principalmente depois que ela se separou. No dia do crime, segundo depoimento, a advogada dormiu no quarto do irmão, o jornalista João Paulo. 

  

Mãe de Izadora Mourão detalha dia do crime e reafirma que matou filha sozinha

   

Em depoimento, Nerci afirmou que o primeiro golpe que deu foi no pescoço, enquanto a filha estava na cama. Na sequência, a advogada, segundo a mãe, reagiu, pegou em seu braço, mas a aposentada continuou a esfaqueá-la até a morte.

"Ela não me chamava de mãe. Chegou em casa com olhos vermelhos e me pediu dinheiro para pagar umas contas, só que eu falei que só tinha o da aposentadoria e era usado para comprar as frutas e remédio do irmão dela. Eu me lembrei que como ela disse que vai me matar e vai judiar com  todo mundo aqui, eu vou saber se ela está se mexendo ou dormindo. Ela tava dormindo em um sono pesado mesmo, com o lado do coração para cima. Eu tinha levado a faca disse que é hoje ou é nunca. Eu peguei e dei primeiro golpe e foi muito forte, acertei na veia que mata mesmo. Ela pegou no meu braço esquerdo e se virou; ela queria se levantar para pegar a faca", contou.

"Dei um golpe muito forte"

Maria Nerci explicou ainda que Izadora pegou em seu braço, mas ela sustentou e continuou com os golpes de faca. "Eu dei um golpe muito forte, saiu bastante sangue, fiquei golpeando porque ela vai tomar essa faca e vai matar todo mundo. Ela ficou lá emborcada, confesso. Tudo o que tinha de força eu botei para dar certo. Eu dei várias, com medo dela se levantar e tomar a faca e matar todo mundo. Era ela ou eu", disse.

Veja abaixo o depoimento na íntegra:

 

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