(Atualizada às 12h)
A Polícia Civil, através do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), concluiu e entregou nesta segunda-feira (06) o inquérito que investigou a morte da estudante de jornalismo, Janaína Bezerra, 22 anos. Ficou comprovado que o mestrando Thiago Mayson, 28 anos, estuprou a jovem mesmo depois dela ter sido morta.
Segundo a polícia, o acusado ainda chegou a fazer fotos da vítima durante a violência, enquanto a jovem estava sangrando. Janaína teve o pescoço quebrado e foi morta após calourada que acontecia dentro da Universidade Federal do Piauí (UFPI). A instituição alegou que o evento não teve autorização para ser realizado.
Com a conclusão do inquérito, Thiago Mayson deve responder por feminicídio, por meio cruel e motivo torpe. Em entrevista ao A10+, a delegada Nathália Figueiredo, responsável pelo caso, revelou que o crime foi cometido de forma bastante cruel. O acusado foi indiciado pelo crime de homicídio duplamente qualificado por dolo eventual.
A delegada pontuou ainda que outros dois crimes serão considerados, entre eles, o estupro e vilipêndio de cadáver (pela violência após a morte da vítima). De acordo com as investigações, Thiago fez imagens da vítima ainda viva, mas em situação de muita vulnerabilidade.
"O celular dele foi apreendido. Tivemos acesso e conseguimos recuperar imagens registradas pelo autor, tanto após a primeira violência sexual, ele também fez um vídeo entre a primeira e segunda violência, em que ela estava com vida, mas visivelmente desnorteada. Segundo registro com ela já morta, muito ensanguentada, apresentava ejaculação nas pernas, vimos um volume maior de sangue. Também tem um registro dele mostrando a mão ensanguentada, entendemos que ali era como se tivesse utilizando a imagem como troféu em relação a violência sexual contra a vítima", disse a delegada.
Ainda segundo a investigação, a morte de Janaína se deu através de asfixia causada pela luxação da região cervical. Isso foi causado, de acordo com a delegada, no contexto da violência sexual que a vítima sofreu. Ela não descartou a participação de terceiros no caso, mas isso ainda será investigado.
"Com registros [filmado] a gente constatou duas violências sexuais. Ele também teria dito no interrogatório que praticou dois atos sexuais, tivemos elementos para achar isso através das imagens que ele mesmo registrou. Uma mais cedo, por volta de 3h45, o vídeo é por volta das 4h e a foto com ela sem vida, ensanguentada, por volta das 5h da manhã", completou.
Janaína Bezerra, de apenas 22 anos, foi assassinada em uma sala da UFPI, após calourada ocorrida entre a noite de sexta-feira, 27 de janeiro, e a madrugada de sábado, dia 28. Thiago foi preso horas depois e teve a prisão preventiva decretada pela justiça no domingo, dia 29.
“Queria só minha filha dentro de casa”, afirma pai de Janaína Bezerra durante missa
Na missa de sétimo dia da estudante de Jornalismo, Janaína Bezerra, brutalmente assassinada no dia 28 de janeiro nas dependências da Universidade Federal do Piauí (UFPI), familiares e amigos da estudante seguem pedindo justiça. O principal suspeito de cometer o crime, Thiago Barbosa [mestrando em Matemática], segue preso. À TV Antena 10, o pai da jovem afirmou que vem recebendo apoio da universidade, mas que não paga a perda da filha.
"É um momento muito ruim. Estou sofrendo até hoje com a perda da minha filha. Eu não queria outra coisa, o que eu queria era só minha filha dentro de casa. Do jeito que ela chegasse em casa ela seria bem recebida. Não tenho a dizer. Ela (universidade) está dando apoio, mas o apoio não paga a vida da minha filha não. Não paga", disse Adão Bezerra, pai da estudante.
Segundo o reitor, Gildásio Guedes a universidade vem prestando apoio para família e que tem ciência das reivindicações feitas pelos estudantes na última terça-feira (31). Um grupo apresentou algumas solicitações, entre elas, o reforço na segurança dentro da instituição.
UFPI abre sindicância para definir punição de mestrando
A Universidade Federal do Piauí (UFPI) anunciou que formou uma comissão de sindicância para apurar as condutas de Thiago Mayson da Silva Barbosa, de 28 anos, suspeito de estuprar e matar a estudante de Jornalismo, Janaína Bezerra, de 22 anos, no último sábado (28), após uma calourada. Ele segue preso desde o dia do ocorrido.
O reitor Viriato Campelo relatou à TV Antena 10 que a sindicância irá apurar as atitudes do suspeito para além da questão criminal, independente dos resultados da investigação policial e do processo. Entre as sanções direcionadas a Thiago está o cancelamento da sua matrícula, mesmo que ele venha a ser inocentado. O prazo é de 30 dias.
A comissão se reunir para deliberar também sobre o fato do estudante estar bebendo dentro do campus, o que é proibido. A UFPI informou que Thiago Mayson tinha a chave da sala de estudo onde o estupro teria acontecido porque os alunos do mestrado, doutorado e iniciação científica de Matemática têm uma sala de estudo coletivo. A chave era compartilhada com outras 13 pessoas.
No dia do crime, um segurança da universidade flagrou Thiago com a blusa manchada de sangue e carregando a vítima desacordada em um corredor. Ao funcionário, o estudante relatou que a amiga tinha passado mal e estava procurando por socorro.
"Como pode o amigo de alguém estar passando mal e ele não chamar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência)?", questionou o delegado Francisco Costa Baretta, diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), responsável pela investigação, em entrevista ao R7.
O que o acusado alega?
Thiago Mayson passou por audiência de custódia na tarde deste domingo (29). Em depoimento à polícia, ele contou que já conhecia a vítima e teriam “ficado” em outras ocasiões. Ele relatou que estavam em uma “calourada” na UFPI e que por volta das 2h convidou a jovem para seguirem a um corredor e em seguida se dirigiram a uma das salas de aula onde praticaram sexo consensual e que após a prática sexual a vítima teria ficado desacordada por duas ocasiões, sendo a última por volta das 4h.
Ele alegou que permaneceu ao lado do corpo da vítima durante toda a madrugada e solicitou socorro à segurança da Universidade por volta das 9h de sábado (28), que conduziu a vítima ao Hospital da Primavera, onde foi constatado o óbito. Segundo o IML, a causa da morte aponta para trauma raquimedular por ação contundente, ou seja, houve uma contusão na coluna vertebral a nível cervical, o que causou lesão da medula espinhal e a morte.
O delegado Barêtta, coordenador do DHPP, relatou ao A10+ que Janaína foi violentada em uma sala no prédio do Programa de Pós-Graduação em Matemática. Na sala foi encontrado um colchão ensanguentado. De acordo com a legista, a ação contundente pode ter sido causada por pancada, torcendo a coluna vertebral ou traumatizando, ação das mãos no pescoço com intuito de matar ou fazer asfixia, queda, luta, dentre outras possibilidades que estão sendo analisadas junto às investigações do caso.
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