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A disputa pela Presidência em 2026 caminha, hoje, para um cenário em que Lula (PT) segue favorito mais pelos erros da direita do que pelos acertos do governo. Mesmo com economia fraca e avaliações negativas, o presidente é beneficiado pelo vácuo de lideranças no campo adversário e pelo desgaste do bolsonarismo. Os vacilos que vem dos Estados Unidos pelas mãos do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), por exemplo, já fizeram Lula agradecer o "apoio", provocando o parlamentar a quem chamou de "Camisa 10" da sua reeleição.
A direita chegou a 2026 carregando uma sucessão de crises: ataques sem provas ao sistema eleitoral, não reconhecimento da derrota em 2022, a tentativa de golpe e a iminente prisão de Jair Bolsonaro, principal expoente do campo. A insistência dos filhos do ex-presidente em reafirmar sua candidatura – mesmo diante da inelegibilidade e dos processos – trava a construção de um nome de centro-direita mais palatável, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que segue dependente do aval de Bolsonaro.

O episódio recente da violação da tornozeleira eletrônica agrava o quadro. Num país que assistiu ao ex-presidente: atacar o sistema eleitoral sem provas, não reconhecer o resultado da eleição, flertar com ruptura institucional. Agora, a tentativa de mexer na monitoração eletrônica, ainda que agora atribuída a um “surto” medicamentoso, reforça uma imagem de irresponsabilidade crônica diante das regras do jogo. Do ponto de vista eleitoral, a conta é simples: cada movimento de Bolsonaro que reforça a ideia de radicalismo, imprudência e descontrole ajuda Lula a se vender como o oposto – estabilidade, previsibilidade e, na visão de parte do eleitorado, o “mal menor”.
Se Bolsonaro é o centro gravitacional da direita, os filhos funcionam como guardiões do templo. Em vez de facilitar a construção de uma alternativa de centro-direita competitiva, atuam para manter a órbita em torno do clã com a insistência em:
- reafirmar a candidatura de Bolsonaro mesmo diante da inelegibilidade,
- pressionar ou constranger movimentos de Tarcísio de Freitas,
- dificultar a pacificação em torno de outro nome,
Isso, claro, tem um efeito prático: paralisa a direita moderada e impede a consolidação de um projeto que poderia disputar o centro. Não á toa, o presidente nacional do Progressistas, Ciro Nogueira, chegou a admitir, na semana passada, que talvez seja melhor a direita focar em chapas proporcionais e estaduais, sinalizando que não enxerga hoje um projeto presidencial competitivo contra Lula. Quando o próprio comandante de um dos principais partidos do bloco que elegeu e sustentou Bolsonaro sugere reduzir a ambição presidencial, a mensagem é clara: a direita, do jeito que está organizada hoje, não tem projeto sólido para derrotar Lula em 2026.
Nesse contexto, o influenciador Pablo Marçal reforça o diagnóstico de fraqueza do campo bolsonarista. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele afirmou que, “do jeito que está hoje, Lula não perde para ninguém” e classificou o petista como “o político mais influente da história”. Para Marçal, a direita vive um vácuo de liderança, é “refém de Bolsonaro” e só conseguiria romper a polarização se surgisse um outsider não apadrinhado.
Enquanto isso, Lula continua sendo o polo reconhecido de poder à esquerda, e o centrão segue mandando no meio do tabuleiro, como o próprio Marçal admite ao dizer que o bloco ainda é quem tem “o maior poder no país”, mantendo governantes na necessidade de negociar. O Presidente brasileiro ainda surfa na onda da queda do tarifaço, ao passo que a pecha das tarifas impostas por Trump terem caído no colo da direita alinhada com o Presidente americano.
Com uma oposição desorganizada, presa a um líder inelegível e sob risco de prisão, Lula entra em 2026 fortalecido pelo contraste: não por viver seu melhor momento, mas porque a direita ainda não conseguiu apresentar uma alternativa consistente ao país.
Fonte: Portal A10+