Divulgado laudo sobre explosão que destruiu Vasto Restaurante em Teresina; veja os principais pontos - Geral
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Divulgado laudo sobre explosão que destruiu Vasto Restaurante em Teresina; veja os principais pontos

Documento mostra que funcionário tentou comunicar gerente sobre vazamento de gás 3h antes da explosão


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(Atualizada às 14h48)

A Polícia Civil do Piauí (PC-PI) divulgou nesta quinta-feira (09) o laudo de exame pericial do acidente que aconteceu no Vasto Restaurante. A explosão no local ocorreu por volta das 6h30 do dia 21 de dezembro de 2022, na zona Leste de Teresina. Na ocasião, o restaurante estava fechado para o público e um funcionário do local ficou ferido. De acordo com o documento, a hipótese mais provável é que a explosão foi causada por vazamento de gás.

  

Explosão destruiu Vasto Restaurante em dezembro de 2022
Pedro André / A10+

   

“[…] tendo a hipótese mais provável da causa da explosão sido provocada por vazamento de gás na rede secundária da cozinha do Restaurante Vasto, oriundo ou de defeito ou no regulador de gás ou no equipamento ou por ação direta de acionamento, onde houve saturação da massa de gás no ambiente e a ignição ocorreu, positivamente, por contato com faísca elétrica gerada ao toque de um interruptor de acionamento de exaustor”, mostra trecho de documento obtido pelo A10+. 

De acordo com o laudo, foi possível analisar que a cozinha do restaurante foi o epicentro do acidente e que a explosão aconteceu lá, corroborando assim com a hipótese de vazamento no local.

“Ainda nos levantamentos, utilizando-se imagens aéreas produzidas por drone, constatou-se vários vetores de dissipação de destroços, todos convergindo para o mesmo ponto de origem: a cozinha do Restaurante Vasto. Todos os vetores foram oriundos do mesmo ponto: a cozinha do Restaurante Vasto, ponto que foi logo identificado como sendo o epicentro da explosão”, aponta.

Cheiro de gás foi sentido 3h antes da explosão

No documento consta que no dia da explosão Felipe Nabuco de Melo trabalhava no local como vigilante. Em seu depoimento à polícia ele contou que por volta das 3h da manhã ouviu um ruído como se algo estivesse estourando e escutou também “um som compatível com um som de vazamento de gás, seguido de um cheiro muito forte de gás”.

  

Funcionário sentiu forte cheiro de gás 3h antes da explosão no restaurante
Reprodução

   

Ele relatou que avisou para dois vigilantes do restaurante Coco Bambu sobre o ocorrido e ainda tentou entrar em contato com o gerente do restaurante e com o Corpo de Bombeiros, mas sem êxito. A explosão aconteceu as 6h30, o que dá um tempo de quase 3h de vazamento de gás.

“Analisando as imagens aéreas após a explosão e os vetores de arremesso de destroços do restaurante que apontam para a cozinha, além de um raio de destruição e de destroços que indicam a cozinha como o epicentro da explosão, assim, o local onde o vigilante relata ter ouvido o ruído e sentido o cheiro de gás, seria da cozinha do Restaurante Vasto”, diz o documento.

  

Vigilante na frente do restaurante com o celular na mão, provavelmente tentando contato com a Gerência e o Corpo de Bombeiros
Reprodução

   

Segundo peritos, gato pode ter provocado vazamento de gás que resultou na explosão

O laudo mostrou ainda que nas dependências da cozinha pelas imagens do CFTV estava presente no local um animal doméstico de estimação, um gato, que transitava pela cozinha em vários pontos e em horário compatível com o momento em que o vigilante sente o vazamento de gás. 

  

Imagens do gato em vários locais da dependência da cozinha em momentos diversos
Reprodução

   

O felino que possuía porte e tamanho compatível para um possível acionamento acidental de equipamento ou em outro caso até mesmo retirada de mangueira de acoplamento, visto que no local fora identificado em alguns equipamentos conexão da mangueira por abraçadeira de pressão, sendo que pelas imagens o horário em que o felino é visto nas imagens é compatível com o horário relatado pelo vigilante em que ouve um barulho vindo da cozinha e posteriormente o cheiro de gás.

Os peritos relataram que o animal não pertencia ao restaurante e que sua presença no local era desconhecida.

O depoimento do funcionário 

O Auxiliar de Manutenção Marcio da Costa e Silva, segundo informações colhidas no local, relatou informalmente que estava dormindo nas dependências do restaurante por ter feito um trabalho extra. Ele citou que teria terminado muito tarde e que por morar longe decidiu dormir no estabelecimento. Ainda em depoimento, o auxiliar detalhou que ao chegar no restaurante por volta das 1h30min não sentiu cheiro de gás, e que ao acordar pela manhã sentiu o cheiro forte de gás e se dirigiu até o registro geral de gás, localizado na casa de gás, e fechou o mesmo.

  

O auxiliar Marcio da Costa e Silva no momento em que adentra ao setor despacho, após sentir um forte cheiro de gás
Reprodução

   

Após isso, se deslocou até dentro do restaurante na área de despacho, conforme câmera CH17 as 6hs22min37seg e 6h23min48seg, imagem 57, neste local pela gravação do CFTV ele aparece segurando o aparelho celular próximo ao rosto, parecendo que estava em ligação por viva voz.

Nesse local ele diz ouvir um ruído de chiado forte e intenso cheiro de gás, em seguida, ele sai do restaurante, acessa o corredor central e se dirige até o hall de entrada da cozinha pela parte externa, próximo as câmeras frigorificas, e aciona o interruptor dos exautores da cozinha imagens 58 e 59, provavelmente na intenção de dissipar o gás que se encontrava confinado naquele ambiente, momento em que a centelha dá a ignição na explosão, causando lesões em seu corpo de queimaduras.

Ele citou ainda que alguns minutos após a explosão ele acordou atordoado e se deslocou até a área do estacionamento do restaurante Coco Bambu, local onde já havia uma ambulância que realizou seus primeiros socorros. O mesmo ficou internado com queimaduras pelo corpo.

  

Explosão em restaurante ocorreu em dezembro de 2022 na zona Leste de Teresina
Jade Araújo / A10+

   

Também foi repassado para a equipe de perícia a informação de que o local, cozinha do Vasto, havia passado por uma reforma, principalmente no sistema de gás, tendo trocado alguns pontos para a adaptação para o restaurante. 

"Em análise confrontando os achados com o que havia em projeto, fora encontrado divergência na dimensão dos tubos da rede primária de cobre entre o projetado, e o executado, além de algumas conexões não estarem com fita veda rosca, emenda de mangueiras em série, que são itens não permitidos pela norma", diz trecho do laudo. 

"Os danos da explosão através da sua onda de choque ultrapassaram os limites da edificação do vasto, e afetaram vizinhos próximos, principalmente os localizados a leste da edificação, local por onde a onda de choque encontrou com mais facilidade e menos barreiras edificadas para a sua expansão, onde houveram danos nas circunvizinhanças, podendo-se traçar um raio de alcance da onda de choque de 105,0m", detalharam os peritos em laudo.

  

Estragos provocados pela explosão no local
Reprodução

   

As hipóteses sobre o vazamento de gás que provocou a explosão no Vasto

O documento cita três hipóteses para a possível causa do vazamento de gás que provocou a explosão. A primeira seria a de falha no regulador de 1º estágio, a segunda hipótese seria a de falha em equipamento tanto por má instalação, como por falha de fabricação e/ou de operação e terceira hipótese seria a de intervenção direta no equipamento provocada por um gato (animal) que estava no local.

Além disso, o documento fala ainda sobre as medidas tomadas por Felipe e Marcio logo após detectarem o vazamento do gás. “Não podemos deixar de destacar o fator omisso, onde o vigilante Felipe Nabuco de Melo, sem podermos dizer se por negligência ou omissão ou por falta de conhecimento e treinamento repassado, ao sentir o cheiro de gás e logo nos primeiros minutos tivesse se dirigido ao local da central de gás e fechado o registro geral, teria estancado o vazamento e não teria havido a explosão”.

  

Imagens aéreas feitas por Drone no dia do levantamento inicial 22/12/2022
Reprodução

   

Sobre Marcio o laudo diz que “ao sentir o forte cheiro de gás se dirigiu até a central de gás e fechou o registro, conseguindo estancar o vazamento, contudo teve uma iniciativa equivocada de se dirigir até a cozinha e acionar o sistema de exaustão, tendo provavelmente a intenção de dissipar o gás, fazendo com que houvesse a ignição da explosão”.

“No caso do vigilante [Felipe] esse necessariamente, pelo fato de trabalhar em um restaurante, deveria ter o conhecimento/capacitação mínima para noções de segurança e ação em casos de vazamento de gás e incêndio, no caso de vazamentos, a primeira ação recomendada é o fechamento do registro geral e afastar-se do local até a dissipação do gás no ambiente. No caso do auxiliar de manutenção [Marcio], apesar de ter a ação correta de fechar o registro, este tem a ação equivocada de acionar o interruptor dos exautores o que causou a centelha de ignição”, diz trecho do documento.

Perícia foi realizada dias depois

Segundo o laudo, no dia seguinte da explosão a equipe pericial se deslocou até o local para para um levantamento inicial e superficial devido ao risco ainda existente de desmoronamento da estrutura do local, impossibilitando assim a entrada até o epicentro da explosão. A equipe pericial retomou ao local no dia 09 de janeiro de 2023 e o trabalho se estendeu até o dia 10, quando foram realizados os procedimentos periciais necessários e possíveis. O laudo foi concluído e encerrado no dia 07 de março. 

  

Estabelecimento ficou completamente destruído após explosão em Teresina
Jade Araújo / A10+

   

O laudo, obtido pelo A10+, foi produzido pelo Perito Criminal José Ribeiro de Oliveira com o auxílio e revisão dos peritos Marcos Antônio Pinheiro de Vasconcelos e Denise Regina Alves do Rego Barradas. A requisição foi feita pelo delegado Ademar Canabrava, titular do 12º Distrito Policial.

Empresária fala pela 1ª vez sobre explosão que destruiu Vasto Restaurante

A empresária Andressa Leão falou pela 1ª vez sobre a explosão do seu estabelecimento, Vasto Restaurante, no dia 21 de dezembro na zona Leste de Teresina. Em uma sequência de stories, a proprietária agradeceu as mensagens de carinho que ela e o marido [também dono], Rafael Freitas, estão recebendo desde o dia do ocorrido. 

O restaurante que faz parte do grupo Coco Bambu foi inaugurado no dia 28 de novembro. A suspeita é que um vazamento de gás teria provocado a explosão que destruiu todo o estabelecimento na manhã de quarta (21) na capital. O fato foi noticiado em todo o país.  

  

Empresária fala pela 1ª vez sobre explosão que destruiu Vasto Restaurante, em Teresina
Reprodução

   

Em vídeos, Andressa citou que ela e o marido estavam na “melhor fase”, mas que tiveram “a maior queda”. Ela agradeceu as mensagens de carinho, relembrou a história do projeto, do Coco Bambu Teresina que completou 13 anos de funcionamento e das conquistas alcançadas até aqui. No dia da explosão, duas pessoas estavam no local, sendo que apenas um vigilante de 35 anos sofreu ferimentos mais graves [teve 50% do corpo queimado] e encontra-se atualmente internado no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).  

“Na nossa melhor fase tivemos a maior queda.  É uma dor sofrida por muitos, eu sei disso. Quero agradecer a todo acolhimento que temos recebido e equipes que foram essenciais nessa tragédia que ocorreu. Apesar de não ter saído ainda o laudo, justificando todo o ocorrido, a gente sabe que fomos agraciados de certa forma porque não houve danos maiores [mortes] e isso nos conforta, mas não diminui a nossa dor, do que estamos vivendo e o que passou”, disse a empresária.  

Relembre o caso 

O local onde funcionava o Vasto Restaurante explodiu nas primeiras horas do dia 21 de dezembro. O local ficou completamente destruído e uma pessoa ficou ferida. Na época já havia a suspeita que um vazamento de gás provocou a explosão no estabelecimento localizado na zona Leste de Teresina. O Vasto pertence ao grupo Coco Bambu, que fica localizado ao lado e também foi atingido pela explosão.

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Fonte: Portal A10+


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