Mãe de Débora Vitória fala sobre conclusão de inquérito que indiciou PM: “Agora é justiça”

Segundo a delegada Nathália Figueiredo, o policial assumiu o risco pelas circunstâncias da situação

Com o encerramento das investigações da morte da pequena Débora Vitória, 6 anos, a mãe, Dayane Gomes defendeu nesta quarta-feira (14) o inquérito apresentado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) que indiciou o policial militar José da Cruz Bernardes Filho por homicídio doloso qualificado. Após o resultado do exame de microcomparação balística que apontou que o tiro que vitimou a criança partiu do policial, Dayane Gomes afirmou que o tenente foi imprudente e que não teria como ela e a filha não serem atingidas durante a ação do policial.

  

Dayane Gomes, mãe da criança Débora Vitória
Thracy Oliveira / TV Antena 10

   

"Ela era o xodó da casa, das minhas clientes, da família inteira. Todas amavam ela e ele acabou com tudo. Se ele quisesse mesmo ter defendido a gente ele poderia ter esperado o bandido passar por ele porque ele estava na esquina. Por que ele não esperou já que ele queria defender a gente? Ele agiu da forma que ele agiu, veio correndo e atirou. Sendo que ele sabia que a gente estava na frente do bandido. O bandido estava do meu lado e minha filha na minha frente. Não tinha como pegar nele (assaltante). Eu quero que pague pelo que fez, queremos justiça", disse a mãe.

Em entrevista à TV Antena 10, a delegada Nathália Figueiredo detalhou que no dia do crime a mãe de Debora e a criança chegaram a ser usadas como escudo pelo assaltante Clemilson da Conceição Rodrigues, de 29 anos.

“De acordo com a dinâmica dos fatos, inclusive através de relatos, testemunhas, tanto a mãe como a criança estavam na linha de tiro. Segundo alguns depoimentos, inclusive, Clemilson utilizou a mãe e a filha como uma espécie de escudo. Então nessa situação, ao meu ver, de certa forma, prosseguindo com os disparos o tenente assumiu o risco”, disse.

A afirmação da delegada é uma das bases para o indiciamento do policial por homicídio doloso qualificado, com a qualificado sendo permitido pela vítima ser menor de 14 anos, onde o PM assumiu o risco de morte.

  

Crime aconteceu em frente a casa de Débora Vitória no bairro Ilhotas
Thracy Oliveira / TV Antena 10
   

Ao A10+, a defesa do tenente da PM informou que respeita a investigação da polícia, conclusão do inquérito, mas pretende recorrer para realização de novos exames acerca do caso. Na época do crime, Clemilson da Conceição, assaltante que abordou mãe e filha, foi preso em flagrante de delito.

Sentindo a morte da filha, Dayane Gomes espera agora a condenação do policial: "Eu quero justiça porque a morte da minha filha não pode ficar impune. Só porque ele é um policial ele não vai pagar pelo que ele fez? Ele tem que pagar. Da mesma forma que se fosse o bandido que iria pagar ele também tem que pagar", relatou a mãe de Débora Vitória.

No dia 11 de novembro, Dayane foi alvejada com um disparo de arma de fogo na região da coxa. Ela e a filha foram socorridas, mas a criança não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.

Advogado da família pedirá prisão preventiva de PM

O advogado de defesa da família da criança informou à TV Antena 10 que vai pedir a prisão preventiva do tenente Bernardes Filho. Segundo o advogado Smaily Carvalho, a prisão será pedida devido ao modus operandi do crime e pelos relatos de que o polícia costumeiramente transita bêbado e armado pela região.

“Acreditamos que nesses dois trâmites será pedida a prisão do mesmo. Pelos modos operandi que foi realizado no dia do fato e a vasta documentação e testemunha que garantem que o mesmo já é acostumado a estar embriagado nas redondezas armado então pode ser que as demais pessoas também estejam em risco. Nós vamos lutar diuturnamente para que os dois possam ser condenados. Tanto a pessoa que já estava presa que desferiu o tiro na Dayane quanto o policial que pediu ceifou a vida da Debora”, declarou.

  

Débora Vitória morreu após ter sido baleada no bairro Ilhotas
Reprodução

  

Débora Vitória estava na companhia da mãe, a manicure Dayane Gomes, quando ambas foram surpreendidas pelo criminoso em uma motocicleta que anunciou o assalto.

Testemunhas relataram à polícia que uma terceira pessoa, o PM, viu a situação e reagiu com disparos, momento em que se iniciou uma troca de tiros e as vítimas foram atingidas.

O policial envolvido no caso é vizinho de Dayane Gomes e conhecido na região. O advogado da família não acredita em possibilidade de retaliação e que espera a condenação do tenente e do assaltante Clemilson da Conceição Rodrigues, de 29 anos. Dayane Gomes relatou em seu testemunho que o policial militar estava bêbado no dia do crime e que ele costumava frequentar bares na região.

Exame determinou de onde partiu o tiro

O exame balístico apontou que o tiro que matou a criança saiu da arma do tenente da PM, B. Filho. A delegada Nathalia Figueiredo explicou que o esse resultado foi entregue dentro do prazo e que foi necessários outros pontos para considerar o resultado final. Ela relata que com a microcomparação foi possível constatar que o encamisamento encontrado na cena do crime pertencia a arma utilizado pelo policial.

  

Delegada Nathália Figueiredo
Thracy Oliveira / TV Antena 10


“Nós tivemos que aguardar porque o exame nos chegou porque tinha uma situação que necessitava de uma nova quesitação. A prova técnica ela é muito minuciosa. No corpo da criança foi encontrado um núcleo de chumbo de projétil encamisado. Microscopicamente não tinha como fazer uma comparação balística. No entanto, no dia do crime, foi coletado um encamisamento dentro de uma poça de sangue. Precisávamos então saber se aquela poça de sangue era realmente da criança. O instituto de Dna nos deu o retorno e constatou que essa poça de sangue pertencia a criança”, encerra.

Na segunda-feira (11), familiares de Débora Vitória realizaram um protesto pedindo celeridade do caso e a divulgação do exame balístico. A delegada Nathália Figueiredo reforçou que tanto o inquérito quanto o exame foram concluídos dentro do prazo.

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