A delegada Nathalia Figueiredo, responsável pelo caso da menina Débora Vitória, assassinada durante uma tentativa de assalto em novembro do ano passado no bairro Ilhotas, relatou ao A10+ que novos laudos realizados pela pericial apontam que o tiro que atingiu a menina saiu realmente da arma utilizada pelo policial militar. Anteriormente, o resultado de microbalística já havia confirmado o fato.
De acordo com a delegada, os laudos são referentes ao Croqui 3D e a Reprodução Simulada que foram realizados recentemente. “Houve um escaneamento da área e a finalidade era justamente ver se existia consistência no que cada um que participou disse com a a dinâmica do crime. Então participou a dona Dayane [mãe de Débora], o policial e o Clemilson [acusado de tentativa de assalto contra Dayane] e foi analisada a consistência daquilo que eles relataram na reprodução com probabilidade ou não de ter acontecido de acordo com a perícia que foi realizada”, explicou.
Ela relatou que o resultado da microbalística já afirmava que o tiro que vitimou Débora Vitória havia saído da arma do PM e que as perícias foram realizadas para analisar todas as versões apresentadas pelos envolvidos. Segundo ela, uma das versões do policial militar apresentava a possibilidade da menina ter sido atingida pelo assaltante, versão essa negada pela microbalística e pelos laudos do Croqui 3D e Reprodução Simulada.
“O policial apresentou versões que foram analisadas e em uma delas havia a possibilidade do disparo realizado pelo Clemilson ter atingido a criança, porém foi totalmente descartado justamente pela microcomparação balística, porque a microcomparação balística é categórica e é uma prova objetiva. Não há como se discutir que a partícula de chumbo encontrada no corpo da criança é partícula da arma apresentada pelo PM”, explicou ao A10+.
PM estaria alcoolizado, afirmam Dayane e Clemilson
Ainda segundo a delegada, Dayane e Clemilson afirmaram em seus depoimentos que o policial militar envolvido no caso estava alcoolizado no momento em que tudo aconteceu. “Tanto a mãe quanto o Clemilson são enfáticos em dizer que o PM estava alcoolizado. Inclusive o Clemilson afirma durante a oitiva dele que o PM estava tão alterado que estava atirando a esmo, ou seja, sem saber direito para que rumo estava atirando”, relatou.
A delegada afirmou que manteve o indiciamento de dolo eventual e homicídio qualificado.
“O inquérito na sexta-feira ele foi remetido à justiça com as conclusões e laudos e agora está a disposição do poder judiciário. Vai pra análise do membro do Ministério Público que de acordo com o que for produzido ele vai decidir em que que ele vai indiciar; se houve dolo, se houve culpa ou nenhuma situações. Então agora já está pro Ministério Público para fins de denúncia”, finalizou.
Relembre o caso
Em novembro de 2022, Débora Vitória estava na companhia da mãe, a manicure Dayane Gomes, quando ambas foram surpreendidas pelo criminoso em uma motocicleta que anunciou o assalto.
Testemunhas relataram à policia que uma terceira pessoa teria visto a situação e reagido com disparos, momento em que se iniciou uma troca de tiros e as vítimas foram atingidas.
Dayane, a mãe da menina foi alvejada com um disparo de arma de fogo na região da coxa. Ela e a filha foram socorridas, mas a criança não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.
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